Crise do plástico exige ação coletiva urgente




A Fundação Ellen MacArthur lançou o novo relatório Agenda de Plásticos 2030 para Empresas, que revela um cenário preocupante: 80% do mercado global de embalagens plásticas ainda não deu os primeiros passos rumo à economia circular, apesar dos avanços demonstrados por empresas pioneiras. 

Ao mesmo tempo, os impactos do plástico no meio ambiente seguem crescendo — segundo a ONG americana Center for Climate Integrity, apenas 9% dos plásticos são reciclados no mundo e a situação é mais crítica ainda no Brasil: 1,3% dos plásticos passam pelo processo de reciclagem.

O estudo destaca que as empresas signatárias do Compromisso Global, iniciativa que representa atualmente 20% do mercado global de embalagens plásticas, já alcançaram resultados expressivos. Coletivamente, elas evitaram 14 milhões de toneladas de plástico virgem, o que corresponde a 1,8 trilhão de sacolas plásticas ou um barril de petróleo economizado por segundo. 

Além disso, triplicaram o uso de conteúdo reciclado e eliminaram bilhões de itens problemáticos. O Compromisso Global foi lançado em 2018 pela Fundação Ellen MacArthur e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e tornou-se o maior esforço voluntário do mundo para combater o desperdício e a poluição.

Para incentivar a ação e a ambição no enfrentamento à poluição plástica, a Agenda 2030 convida as empresas a agirem juntas para impulsionar a transformação do mercado. Ela apela à integração de soluções comprovadas, à resolução de barreiras sistémicas – desde a expansão da reutilização e o combate ao resíduo de embalagens flexíveis até à construção de infraestruturas eficazes de coleta e reciclagem – e à criação de políticas governamentais que alinhem os incentivos com os resultados da economia circular.

Companhias como Amcor, Borealis, Colgate-Palmolive, Danone, L’Oréal, Nestlé, SC Johnson, PepsiCo, TOMRA e Unilever reafirmaram sua adesão ao Compromisso Global 2030, fortalecendo a ambição coletiva de acelerar soluções circulares.

Como transformar o sistema de plásticos até 2030:

Para enfrentar esses desafios, a Agenda de Plásticos 2030 redefine as ações prioritárias em três frentes:


- Advocacy coletivo, para moldar regulamentações eficazes que tornem soluções circulares viáveis e competitivas;


- Ação colaborativa, que permite compartilhar riscos, custos e inovação para superar barreiras;


- Ação individual, com empresas avançando internamente para inspirar mudanças de mercado e política.

"Os avanços das empresas líderes mostram que é possível reduzir o uso de plástico virgem e escalar soluções circulares. Mas esses resultados ainda não se traduzem na transformação do sistema como um todo. Para que modelos de reuso e reciclagem realmente prosperem, precisamos de ações colaborativas entre as empresas, infraestrutura adequada e um ambiente regulatório que torne as soluções circulares viáveis e competitivas. Por isso convidamos as empresas a irem além de ações individuais para moldar a transformação necessária do mercado, diz Victoria Almeida, Gerente de Programa para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur.

Rob Opsomer, Líder Executivo de Plásticos e Finanças na Fundação Ellen MacArthur, completa que, mesmo assim, as organizações não devem esperar: “As empresas que agirem agora poderão moldar políticas eficazes e transformar soluções circulares no novo padrão. Ao trabalharem juntas, elas reduzirão custos de transição e se tornarão mais resilientes em um mundo em rápida mudança.”

Movimento global ganha força:

Além do Compromisso Global, mais de 700 empresas avançam na visão de circularidade por meio do Pacto dos Plásticos em diferentes países, enquanto 300 organizações defendem, coletivamente, um tratado global juridicamente vinculante para acabar com a poluição plástica — por meio da Coalizão Empresarial por um Tratado Global para os Plásticos.



Fonte: Fundação Ellen MacArthur