Como a educação financeira transforma o aprendizado nas escolas




As aulas recém terminaram, mas quem é da área da educação já está com o pensamento em 2026. Em meados de fevereiro, mais um ano letivo inicia-se e, com ele, a necessidade de pensar nas obrigações, tanto com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que é o documento normativo seguido pelas escolas em relação aos conteúdos programáticos, quanto com a formação de pessoas. Entre os assuntos obrigatórios desde 2020, está a educação financeira, que, apesar de aparecer nas salas de aula, é visto de forma rasa.

É muito difícil quando uma obrigação começa a valer sem que tenha havido um planejamento prévio. A BNCC passou a exigir a educação financeira, mas as universidades não prepararam os novos licenciandos para isso; quase não foram criados cursos de formação continuada para quem já estava na sala de aula. Diante disso, o que acabou sendo possível para muitas escolas foi adotar algum sistema de ensino ou material pronto e colocar um professor, quase sempre o de matemática, para ensinar o que fosse capaz.

Esse cenário evidencia que cumprir a obrigatoriedade não significa necessariamente garantir uma formação sólida. E é justamente por isso que investir de forma estruturada em educação financeira e empreendedora é importante. Quando as escolas passam a tratar o tema não apenas como uma exigência da BNCC, mas como uma oportunidade pedagógica, elas tendem a colher benefícios reais no desenvolvimento dos alunos, o que envolve competências socioemocionais, o engajamento das famílias e a qualidade do ensino.

Quando a escola oferece uma formação financeira realmente significativa, ela está desenvolvendo habilidades que serão úteis para todos os estudantes, independentemente da área que escolherem seguir. Seja medicina, direito, engenharias ou qualquer outra profissão, todos precisam saber administrar suas finanças. E ensinar isso de forma eficaz e engajadora torna-se um diferencial que nenhuma família deixa de perceber, porque a escola não prepara apenas para o ENEM ou para vestibulares, mas para a vida adulta e para as escolhas concretas que cada jovem terá de fazer.

- Ensino lúdico e prático:

A principal dificuldade enfrentada é a falta de capacitação dos professores que lecionam a matéria. Mas o modo de ensino tradicional — aplicado em todas as matérias — também é um problema, pois, por muitas vezes, acaba esbarrando na desatenção dos alunos e afetando a qualidade do aprendizado. Na educação financeira, apenas a teoria não é o suficiente. Ela está, em sua grande parte, ligada à tomada de decisões, no comportamento, nas escolhas, na maneira de agir e na interpretação, o que leva a necessidade de atividades práticas.

Pensando em mudar a realidade do ensino, a Investeendo, desde 201X atua no desenvolvimento de jogos e aplicação da metodologia que ensina educação financeira e empreendedorismo por meio da gamificação. O primeiro jogo criado foi físico e está em funcionamento até hoje, mas a atuação também acontece por meio de um aplicativo instalado em tablets ou totens que simulam caixas eletrônicos e podem até mesmo gerar uma microeconomia dentro de salas de aula. Mais de 6 mil alunos já participaram das dinâmicas no Paraná e puderam aprender diversos conceitos, como poupança e mercado de ações.

A metodologia criada atua de forma transversal, ou seja, todos os professores, independentemente da matéria, podem se beneficiar. Por meio do jogo digital, cada professor pode definir missões, como a entrega de atividades extras, que geram moedas fictícias, que podem ser trocadas dentro do próprio jogo, ou por brindes físicos ou benefícios, por exemplo a realização de uma prova em dupla.

Com as gerações Z e Alpha, o formato tradicional de ensino tende a funcionar cada vez menos, porque já não conversa com a forma como esses jovens se relacionam com o mundo. Por outro lado, quando a escola adota metodologias ativas, especialmente a gamificação, ela devolve ao estudante o protagonismo, oferece escolhas reais e cria uma experiência de aprendizagem muito mais envolvente e significativa.

- Escolas são protagonistas no desenvolvimento humano:

Até se formar no Ensino Médio, grande parte da vida de uma pessoa é dentro da sala de aula. A escola, os amigos, professores e comunidade escolar fazem parte do desenvolvimento das crianças. O Brasil possui mais de 80 milhões de endividados, de acordo com o levantamento do Serasa. Uma das importâncias de ensinar a educação financeira de forma eficaz, ainda na escola, é garantir que os adolescentes não se tornem adultos endividados.

Outro grande problema que afeta o país são as casas de apostas, que possuem usuários viciados e com hábitos financeiros prejudiciais às famílias. A educação tem força para alterar o cenário do país ao formar jovens mais críticos e conscientes, e esses jovens podem se tornar vetores de desenvolvimento financeiro e social dentro de suas próprias famílias.

As instituições, por outro lado, também são beneficiadas quando investem em educação financeira estruturada. Além de cumprirem com o propósito de preparar os estudantes para a vida adulta e impactar positivamente em suas vidas, elas podem ir além. Ensinar noções básicas de investimento é algo útil não só para o estudante, mas também para sua família, que passará a ver o centro de ensino além de um espaço de aprendizagem, mas como um ambiente que contribui com o desenvolvimento do núcleo familiar.


Fonte: Sam Adam Hoffmann - cofundador e CEO da Investeendo.