Ensinar crianças e adolescentes a terem uma relação saudável com o dinheiro é essencial para formar cidadãos mais conscientes das suas decisões e consequências. Quando a criança aprende a planejar, poupar, fazer escolhas e, até mesmo, renunciar, ela desenvolve autonomia, aprende a ter limites, responsabilidade e uma visão mais clara de futuro.
A partir dos 3 anos já é possível introduzir essas noções nos pequenos de forma lúdica, concreta e leve. Para os menores, o caminho é a brincadeira, como feirinhas, lojinhas, cofrinhos e histórias que ajudam a tornar o tema próximo e compreensível. Já para os maiores entram situações reais, como planejar um pequeno evento, organizar um orçamento fictício, pesquisar preços e criar metas de economia. Cada faixa etária aprende melhor quando vive a experiência, não apenas quando escuta sobre ela. E quanto mais cedo, mais natural o tema se torna.
O Natal pode ser um grande laboratório de educação financeira, onde a criança entende o que é um consumo mais cuidadoso quando aprende a definir quanto quer gastar, pensar em quem deseja presentear, pesquisar preços, comparar alternativas e até criar presentes afetivos, não se limitando apenas à compra.
Destaco outra abordagem nesta época do ano, em que há um aumento natural do consumo com presentes, e aponta estratégias para evitar compras por impulso e entender que nem sempre é possível comprar tudo o que se deseja. Uma boa dica é organizar. Por exemplo, um quadro de desejos x necessidades, ou uma lista de prioridades, sempre deixando os limites bem claros. Planejamentos visuais e conversas abertas sobre a ideia de frustração saudável também ajudam a construir essa compreensão. Afinal, aprender a priorizar é, também, aprender a viver.
Envolvimento escolar e familiar:
Ao longo do ano, na escola, a educação financeira não precisa ser uma disciplina isolada, ela pode atravessar o currículo e passar a fazer parte da rotina dos estudos. É possível inserir o tema em projetos, rodas de conversa, situações-problema de matemática, leitura de textos sobre consumo consciente e até em atividades de planejamento coletivo. O importante é criar situações reais nas quais as crianças possam tomar pequenas decisões, prever consequências e compreender que o dinheiro é um recurso que exige cuidado.
O ensino deve ser concentrado nos princípios essenciais como valor, organização, prioridades, cuidado e escolhas. Assim, a escola reconhece que cada aluno possui uma história, um contexto e uma dinâmica familiar próprios. Dessa maneira, consegue contribuir para construir um ambiente de aprendizagem respeitoso, acessível e alinhado à diversidade que compõe a comunidade escolar.
Em casa, a aprendizagem pode surgir com pequenas situações cotidianas como, por exemplo, escolher um item no mercado, ajudar a comparar preços, pensar antes de comprar, participar de pequenas decisões domésticas. O segredo, para a psicopedagoga, é transformar a criança em protagonista, não apenas espectadora.

Fonte: Paula Furtado - psicopedagoga e escritora infantil Paula Furtado
