O líder pode ser ao mesmo tempo gentil e exigente, respeitoso e desafiador




Muitos líderes caem em uma armadilha ao se tornarem mal educados, agressivos e até tóxicos quando, na verdade, o que estão querendo é exercer uma pressão positiva sobre seus liderados, bucando transformar desafios em motivação para o desempenho. isso acontece pois o cérebro humano tende a simplificar julgamentos para economizar energia.

Elem utilizam atalhos mentais (heurísticas) para ser mais eficiente e muitas vezes acaba produzindo viéses cognitivos: tendências sistemáticas do pensamento que levam nossa mente a interpretar a realidade de forma distorcida, fazendo com que tomemos decisões ou formemos julgamentos sem análise totalmente racional.

Um desses viéses é conhecido como Efeito Halo, que acontece quando uma característica ou comportamento é automaticamente associado a outro, mesmo sem relação real entre eles. Na prática, muitos gestores acabam acreditando que para criar senso de urgência ou motivar suas equipes, precisam adotar comportamentos hostis.

Reforço que um líder pode ser ao mesmo tempo gentil e exigente, respeitoso e desafiador, e educado enquanto exerce pressão sobre seus liderados. William Ury, professor de Harvard e autor do livro de negociação mais vendido no mundo (Como Chegar ao Sim) traduz isso de uma forma quase poética: “seja duro com as coisas e suave com as pessoas”.

Melhores técnicas para cobrar resultados da sua equipe sem ser tóxico:

1. Estabeleça objetivos ambiciosos (mas atingíveis) que fazem os liderados entenderem que o líder tem alta expectativa com relação a eles.

2. Acompanhe o atingimento dos objetivos acordados atrase de conversas sistemáticas, deixando claro quando eles foram ou não atingidos e discutindo os motivos com os liderados.

3. Dê feedbacks corretivos com franqueza, mas sempre com respeito e educação.

4. Estimule um clima em que os liderados dão feedbacks uns aos outros com transparência, deixando claro que o foco deve estar nas ações e não nas pessoas.

5. Crie senso de urgência, mostrando quais são os riscos das coisas darem errado caso os resultados não apareçam.

6. Tome providências rapidamente quando um liderado faz algo que afronta um valor importante de forma deliberada.

7. Deixe que os liderados enfrentem fracassos controlados (de preferencia de baixo impacto objetivo) sem tentar protegê-los das consequências.

Pressão não é sinônimo de toxicidade:

Destaco que apesar de todas essas técnicas serem ações que exercem pressão sobre os liderados, nenhuma delas implica em falta de respeito, educação ou toxicidade.

Isso porque os profissionais das novas gerações, principalmente os de alto desempenho, estão cada vez menos tolerantes com chefes agressivos e hesitam muito menos antes de ir embora.

Hoje também as leis estão mais exigentes e um processo por assédio moral pode custar bem caro tanto em termos financeiros, quanto de imagem.

Destaco ainda que é responsabilidade de todos trabalhar por um ambiente organizacional que preze pela saúde mental das pessoas, em que ninguém se sinta subjugado ou maltratado.

Precisamos construir um ambiente em que as pessoas possam ser produtivas, sentindo-se bem ao mesmo tempo. Melhor, onde possam ser produtivas, entre outras, por que estão se sentindo bem.


Fonte: Yuri Trafane - consultor empresarial, CEO da Ynner Treinamentos e autor de “Os Quatro Papéis”