No Brasil, a mortalidade empresarial ainda é um dos maiores desafios para o empreendedorismo. Segundo dados do IBGE, mais de 48% das empresas encerram as atividades antes de completar cinco anos, e a principal causa está longe de ser a falta de clientes: é a ausência de gestão contábil, planejamento financeiro e controle de rotina.
As empresas quebram por falta de estrutura, não por falta de faturamento. Ele diz que a raiz do problema é o improviso e falta de controle.Grande parte dos negócios brasileiros ainda opera de forma reativa e emocional, sem projeções, orçamentos ou relatórios de desempenho. Muitos gestores confundem faturar com lucrar — e não percebem que o verdadeiro problema está no fluxo de caixa, no capital de giro e nos impostos pagos de forma errada.
Indicadores de gestão mais negligenciados no Brasil:
- Margem líquida real
- Índice de endividamento e cobertura de juros
- Custo fixo sobre o faturamento
- Percentual tributário efetivo
Quando esses números não são acompanhados, o empresário toma decisões no escuro — e o erro mais comum é usar o dinheiro do imposto para cobrir despesas operacionais. Isso gera efeito dominó: autuação, bloqueio de contas, perda de credibilidade e, em muitos casos, o fim da operação.
O Sebrae estima que mais de 60% das empresas que fecharam entre 2020 e 2024 tinham contabilidade irregular, ausência de gestão de fluxo de caixa e falta de planejamento tributário. É um dado que revela não apenas um problema técnico, mas um padrão de comportamento: o improviso virou cultura.
Empresários confundem velocidade com eficiência e acabam crescendo sem base. No curto prazo, isso dá a sensação de sucesso. No longo, destrói margens e aumenta a dependência de crédito.
Dicas para reverter o cenário e construir estrutura:
— Reestruturação contábil imediata:
A empresa precisa de contabilidade gerencial, não apenas fiscal. Revisar o enquadramento tributário, o modelo de escrituração e a formação de preço é o primeiro passo para recuperar margem e previsibilidade.
— Controle de caixa e endividamento:
Todo gestor deve saber diariamente o saldo real de caixa, o valor de impostos provisionados e a projeção de recebíveis. Fluxo de caixa não é planilha, é gestão de sobrevivência.
— Separação de finanças pessoais e empresariais:
Misturar as contas é o erro mais básico e mais destrutivo. Empresas saudáveis têm política de pró-labore e distribuição de lucros bem definida.
— Revisão tributária e auditoria preventiva:
Auditar periodicamente as obrigações fiscais evita passivos ocultos e pagamentos indevidos. Muitos negócios perdem até 2% do faturamento anual por falhas de classificação contábil.
— Construção de rotina e método:
Sem rotina, não há gestão. Defina horários fixos para análise de indicadores, reuniões de resultado e acompanhamento de metas. A previsibilidade operacional é o que separa empresas estruturadas das que apenas sobrevivem.
O Brasil não precisa apenas de mais empreendedores, precisa de gestores preparados. Negócio forte não é o que cresce rápido, é o que cresce estruturado. Enquanto muitos buscam atalhos, os que constroem base técnica, rotina e controle financeiro são os que realmente permanecem.
Uma gestão contábil e estrutura financeira são as melhores maneiras de prevenir a quebra de um negócio, de acordo com o contador. A contabilidade, quando bem aplicada, é a ferramenta mais poderosa de prevenção e crescimento que uma empresa pode ter. Sem método, não há resultado. Sem estrutura, não há continuidade.Empresas não quebram por falta de venda. Elas quebram por falta de comando.
