13º salário: investir, guardar ou fazer compras?




Com a chegada do fim do ano, os trabalhadores brasileiros ficam à espera do 13º salário, um reforço no orçamento familiar, na quitação de dívidas ou na conquista de objetivos. Neste ano, a primeira parcela do benefício deve ser paga até o dia 28 de novembro (sexta-feira), já que o dia 30 cairá num domingo. Já a segunda parcela, deve ser paga até o dia 20 de dezembro. Algumas empresas podem optar pelo pagamento integral do benefício, também no dia 28 de novembro.

Decidir o destino do 13º salário nem sempre é uma tarefa fácil: quitar dívidas, investir ou guardar? O primeiro passo é fazer um diagnóstico da atual situação financeira particular. Se você tem contas atrasadas ou vem enfrentando dificuldades para honrar seus compromissos, o mais indicado é usar o 13º salário para quitar dívidas.

Já se todas as contas estão em dia, mas o dinheiro nunca sobra, o ideal é começar a formar uma reserva de emergência para imprevistos ou para cobrir despesas típicas do início do ano. Agora, se você já tem uma reserva e ainda sobra dinheiro, vale pensar em objetivos de médio e longo prazo e direcionar parte do valor para investimentos mais rentáveis e compatíveis com esses objetivos.

Destino do 13º salário: checklist

- Verifique a existência de dívidas caras (com juros altos)

Se houver dívidas com juros altos (cartão, cheque especial, crédito rotativo), priorize de 70% a 100% do 13º para quitar ou reduzir ao máximo. Negocie descontos à vista, pois muitas instituições oferecem abatimentos significativos. 

- Forme ou reforce sua reserva de emergência

Se você ainda não tem reserva ou ela está incompleta, destine 50% a 70% do 13º para completar a meta. Aplique em produtos de liquidez diária e baixo risco (Tesouro Selic ou CDB diário). 

- Invista de forma simples e segura

Caso as dívidas e a reserva de emergência estiverem sob controle, utilize de 30% a 50% do 13º para começar a investir em produtos simples, como renda fixa atrelada à Selic/CDI, com vencimentos mais longos (um a dois anos). 

- Prepare-se para gastos sazonais

Identifique as despesas de início de ano (IPTU, IPVA, matrícula, material escolar) e reserve de 20% a 40% do 13º para esses gastos previsíveis, ou de 80 a 100% do valor das despesas. Isso permite descontos e evita parcelamentos com juros e o aperto de janeiro.

Investir com o 13º: opções simples e eficazes

Pensando em opções simples e seguras para o público que não é especialista em investimentos, Paloschi recomenda Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária ou com prazos entre um e dois anos, LCI e LCA.

O Tesouro Selic é um título público considerado o mais seguro do país. Tem liquidez diária (pode ser resgatado rapidamente), baixo risco e rendimento que acompanha a taxa Selic. É ideal para quem quer praticidade e proteção contra oscilações do mercado.

Já os CDBs de liquidez diária, segundo ele, são emitidos por bancos e permitem resgates a qualquer momento. Certifique-se de que rendam pelo menos 100% do CDI e que sejam oferecidos por instituições confiáveis. Os CDBs com prazos de vencimento, geralmente oferecem rentabilidades maiores, e você também paga menos impostos, pois quanto mais tempo permanece com o título, menor será a alíquota (podendo cair de 22,5% para 15%).

Por fim, LCI e LCA são Letras de Crédito Imobiliário ou do Agronegócio, também protegidas pelo FGC, são isentas de Imposto de Renda, o que aumenta a rentabilidade líquida. Geralmente, esses títulos possuem vencimentos entre seis meses e dois anos.

O uso ideal do 13º para os diferentes momentos da vida:

O destino do 13º pode mudar conforme o ciclo da vida: um jovem no primeiro emprego terá um cenário diferente de uma família com filhos, por exemplo. Isso se repete para um trabalhador estabilizado e um aposentado.

O foco de um jovem no primeiro emprego deve ser o de criar hábitos financeiros saudáveis desde cedo, priorize sair do endividamento, se houver. Em alguns casos, há menos responsabilidades, o que torna essa uma boa oportunidade para formar uma reserva de emergência e começar a investir, mesmo com valores pequenos. 

O primeiro 13º pode representar o primeiro passo para grandes objetivos futuros. Nessa fase, também deve-se pensar em investir em capacitação ou objetivos pessoais, como cursos ou projetos independentes. Reservar uma parcela para o lazer responsável, sem comprometer o equilíbrio financeiro, também é indicado.

Já para uma família com filhos, o professor lembra que o orçamento costuma ser mais pressionado. Despesas sazonais, como matrícula e material escolar, impostos e férias, exigem planejamento. Nesse caso, parte do 13º pode ser destinada para quitar ou evitar dívidas e parte pode ser reservada para esses gastos previsíveis do início do ano. Se houver estabilidade, os investimentos podem ganhar espaço nos planos, já considerando os objetivos da família.

No caso de um trabalhador estabilizado, sugiro aproveitar o 13º para reforçar objetivos de médio e longo prazo, como investimentos, aposentadoria complementar ou realizações específicas, como a troca de carro e a compra de casa própria.

Já para o aposentado, segundo o economista, a dinâmica é outra: além de a renda ser mais estável, também é importante considerar a proteção financeira e a saúde. O 13º pode ser destinado para reforçar a reserva de liquidez, cobrir gastos médicos futuros e evitar endividamento, que costuma ser mais arriscado nessa fase da vida.

Se houver estabilidade e sobra, também cabe direcionar parte para investimentos de baixo risco e fácil resgate. O 13º também pode ser usado para realizar projetos pessoais ou reservar para eventuais apoios a familiares, sempre priorizando o bem-estar e a tranquilidade.


Fonte: Luiz Paloschi - economista e professor de Ciências Econômicas da EAD UniCesumar,