Mitos e verdades sobre a renda fixa em tempos de juros altos




Em meio a um cenário de juros elevados, a renda fixa voltou a ser protagonista nas carteiras dos brasileiros. A atratividade de CDBs, LCIs, LCAs e títulos públicos cresce a cada nova alta da Selic, mas, junto com o interesse, também ressurgem velhos equívocos que podem levar a escolhas inadequadas. Por isso, é fundamental desmistificar certas crenças e orientar os investidores sobre como construir estratégias mais eficientes e seguras.

A renda fixa oferece previsibilidade e oportunidades relevantes, mas não é uma solução automática para todos os perfis. A renda fixa é uma excelente ferramenta, mas precisa ser bem entendida. Quem olha apenas para a taxa anunciada corre o risco de se frustrar com liquidez limitada, risco de crédito ou rentabilidade abaixo do esperado.

A seguir, os principais mitos e verdades sobre esse tipo de investimento em tempos de juros altos:

- Mito: Renda fixa é isenta de riscos

A renda fixa não é um investimento totalmente seguro. Títulos públicos são considerados os mais sólidos por terem a garantia do governo, mas ainda assim sofrem com oscilações quando vendidos antes do vencimento. Ativos de bancos, como CDBs, LCIs e LCAs contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos até R$ 250 mil por CPF e instituição, mas também carregam riscos. Já instrumentos corporativos, como debêntures e CRIs, dependem da capacidade de pagamento da empresa emissora e não contam com proteção do FGC, exigindo análise detalhada.

- Mito: Não há necessidade de diversificação

A crença de que basta escolher um título e investir todo o patrimônio nele é perigosa. Diversificação é regra básica para reduzir riscos e equilibrar resultados. Combinar prazos, emissores e diferentes indexadores permite que a carteira tenha proteção contra cenários adversos, seja em momentos de alta ou de queda da Selic.

- Verdade: Renda fixa não é apenas para investidores conservadores

A renda fixa atende desde o investidor conservador até o mais arrojado. Papéis atrelados ao CDI oferecem estabilidade, enquanto prefixados e indexados à inflação podem trazer ganhos relevantes de longo prazo, embora com maior risco de oscilação. O que muda é o objetivo do investidor e o peso desses ativos na composição da carteira.

- Mito: Todas as rentabilidades são iguais

Rentabilidade em renda fixa depende de fatores como prazo, emissor e indexador. Em cenários de juros altos, títulos pós-fixados são atraentes por acompanhar a Selic, mas prefixados e IPCA+ podem se tornar grandes oportunidades quando adquiridos nesses momentos e carregados até o vencimento. Além disso, produtos isentos de imposto de renda, como algumas debêntures e LCIs, podem oferecer vantagens líquidas mesmo com taxas nominais menores.

- Verdade: Não basta só olhar a taxa prometida

Comparar investimentos apenas pela taxa anunciada é um erro comum. Liquidez, prazos de carência, garantias e tributação devem ser considerados. Um título que paga mais pode representar risco elevado de crédito ou dificuldade de resgate no curto prazo. O investidor precisa olhar além da taxa. Uma boa análise de risco e uma carteira equilibrada fazem mais diferença do que a promessa de um rendimento pontual.

A renda fixa pode e deve ocupar um espaço importante nas carteiras, especialmente em um cenário de juros elevados, mas exige informação e estratégia. Em vez de se prender a mitos, o investidor precisa entender o papel de cada ativo dentro de sua carteira. Isso é o que garante segurança e consistência nos resultados.


Fonte: Rafael Cota - especialista do Grupo Fractal.