Comportamental é mais essencial nas empresas que a tecnologia




O futuro do trabalho já começou a ser moldado por um paradoxo. De um lado, a Quarta Revolução Industrial, marcada pela automação e pela inteligência artificial, assume tarefas técnicas que antes eram desempenhadas por pessoas. De outro, nunca foi tão necessário investir em competências humanas.

Dados recentes mostram isso com clareza: segundo pesquisa divulgada pela PUCPR, 59% das habilidades mais exigidas nos anúncios de vagas no Brasil estão ligadas ao comportamento, como comunicação, comprometimento e trabalho em equipe. Outro levantamento, do portal Segs, revela que 92% dos recrutadores consideram as chamadas soft skills tão ou mais importantes do que as hard skills na hora da contratação.

- Como equalizar essa matemática?

A verdadeira transformação no ambiente de trabalho só é possível quando há essa intersecção entre tecnologia, estratégia e gestão comportamental.

Se a tecnologia é a ferramenta e a estratégia é o caminho, são as pessoas que fazem e acontecem nas empresas Estamos falando sobre sentimentos, personalidade e habilidades de relacionamento.Não são cargos, títulos ou postos organizacionais que criam a mudança hoje.

- A hora e a vez das hard skills:

Durante muito tempo, as hard skills, habilidades técnicas e mensuráveis, como programação ou domínio de softwares, foram o principal critério de contratação e promoção. Hoje, porém, são vistas como porta de entrada. São as competências comportamentais que garantem a permanência, a evolução e a capacidade de adaptação do profissional.

As hard skills te colocam na porta do trabalho. Elas são a sua entrada. Mas são as soft skills que te fazem progredir, te dão a capacidade de resolver conflitos, de liderar projetos e de se adaptar a novas realidades.

Na prática, isso significa que uma equipe de especialistas pode dominar toda a técnica necessária para executar um projeto, mas se não houver empatia, comunicação eficaz e colaboração, dificilmente o resultado será positivo

Para o especialista, a transformação digital não deve se resumir em compra de novas tecnologias, mas, sim, na capacitação de pessoas para usá-las de forma estratégica, com propósito e inteligência emocional.

Em um mercado em constante mudança, o capital humano permanece como o recurso mais valioso e insubstituível, pois é ele que dá sentido, direcionamento e sustentabilidade ao avanço tecnológico.


Fonte: Betto Alves - Mestre em Ciências da Administração de Empresas pela MUST University (Flórida/EUA) e profissional multidisciplinar com atuação destacada como psicanalista clínico.