As Cédulas de Produto Rural Verde (CPRs) estão entre as políticas de governança climática adotadas pelo Brasil para conservação e recuperação de florestas nativas e seus biomas. A iniciativa coloca o país na vanguarda de políticas públicas de incentivo à redução de gases de efeito estufa (GEE) e CO2, alinhando proteção ambiental e desenvolvimento rural.
O tema deve estar inserido nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) que serão apresentadas pela comitiva brasileira na Cúpula do Clima das Nações Unidas, no dia 24, em Nova Iorque, e também na COP30, que será realizada em Belém, em novembro.
CPR Verde é um instrumento financeiro do setor agropecuário que possibilita a obtenção de recursos junto a investidores ou empresas. A iniciativa é específica do Brasil e tem como objetivo financiar atividades de conservação e reflorestamento no meio rural e remunerar os proprietários por esses serviços ambientais.
Ao transformar práticas de sustentabilidade ambiental em ativos financeiros, o país não apenas fortalece sua agenda climática, mas também atrai capital para setores estratégicos da bioeconomia. Esse movimento tem potencial para consolidar o Brasil como líder global em finanças sustentáveis.
Além de viabilizar a compra e venda de ativos ambientais no mercado voluntário, a CPR Verde também pode servir como garantia para diminuir os juros de financiamentos bancários no campo. Ou seja, o produtor se compromete em preservar o bioma de sua propriedade e recebe por isso.
O avanço das Cédulas de Produto Rural na modalidade verde abre espaço para soluções financeiras inovadoras que conectam preservação ambiental e geração de valor econômico. Estar na vanguarda desse movimento significa criar soluções financeiras que reforcem o papel do Brasil na bioeconomia e ampliem as alternativas de investimentos sustentáveis.
Embora o Governo Federal ainda não apresente uma estimativa oficial de receitas específicas ligadas à CPR Verde ou ao mercado de carbono, o Brasil reúne condições para se tornar referência global nesse setor. Com 61% das propriedades rurais destinadas à preservação ambiental, segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), o país tem potencial para consolidar uma economia verde e liderar o desenvolvimento do mercado de carbono.
- Como funciona:
Na prática, ao invés de ter sua produção final como garantia, o produtor pode usar a conservação e recuperação de florestas nativas do bioma de sua propriedade como garantia para financiamento. Além de ampliar e facilitar o financiamento para produtores rurais, esse modelo contribui para que o Brasil alcance suas metas climáticas com ações diretas no campo. Ao mesmo tempo, os recursos fomentam o setor que já é o carro chefe da nossa economia.
Fonte: Daniel Alberini - sócio diretor da Quartzo Capital, empresa especialista em gestão de fundos de investimento.