Você sabe com quem está negociando sua dívida?




Em meio à transformação digital que acelerou as relações entre empresas e consumidores, uma ameaça silenciosa tem crescido de forma alarmante: golpes digitais que se disfarçam de cobranças legítimas. Segundo pesquisas da Serasa Experian, o Brasil registrou mais de 11 milhões de tentativas de fraudes, um aumento de 9,4% em relação ao ano anterior.

Esses ataques, cada vez mais sofisticados, não apenas iludem quem busca regularizar dívidas, mas corroem a confiança em todo o ecossistema de recuperação de crédito. O alerta é do IGEOC, entidade que representa as empresas de recuperação de crédito no Brasil e acompanha de perto os impactos dessa nova onda de fraudes.

Os golpistas não apenas simulam mensagens de negociação, mas constroem cenários altamente convincentes. Eles se apropriam de elementos reais como logotipos, linguagem institucional, canais falsos de atendimento e, principalmente, dados sensíveis que fazem com que a abordagem pareça autêntica.

Isso faz com que muitas pessoas, mesmo agindo de boa-fé e com o desejo legítimo de sair da inadimplência, acabem direcionando seus pagamentos para contas fraudulentas. O resultado? Continuam com o nome negativado e ainda sofrem prejuízos financeiros, muitas vezes irreparáveis.

Essa realidade cria uma crise de confiança generalizada. Consumidores passam a ignorar contatos, evitam negociar seus débitos e deixam de abrir canais de comunicação com empresas sérias por medo de caírem em armadilhas.

Essa retração tem efeito direto na efetividade das ações de cobrança e expõe novos desafios operacionais. As empresas estão investindo cada vez mais em segurança, em autenticação e em canais certificados. A fraude digital não lesa somente o consumidor, ela compromete a estrutura da economia no Brasil.

O ambiente de insegurança também força mudanças no próprio papel da recuperação de crédito. É preciso, em atendimento ativo, adotar um modelo que priorize empatia, clareza e educação digital. A negociação precisa ter um espaço de reconstrução de confiança, não medo. Personalizar a abordagem e respeitar o momento de vida de quem está inadimplente é essencial.

Entre as boas práticas para o consumidor se proteger, recomendo sempre verificar se o site acessado é oficial, desconfiar de mensagens que pressionam por pagamento imediato, conferir atentamente os dados do beneficiário em boletos e priorizar canais homologados por instituições financeiras.

O combate às fraudes não é uma tarefa isolada, mas sim uma responsabilidade compartilhada entre empresas, instituições e sociedade. Ao se informar e prevenir, o consumidor se defende melhor contra esse tipo de golpe.


Fonte: Rodrigo Mandaliti - presidente do Instituto Gestão de Excelência Operacional em Cobrança (IGEOC).