A geração Alpha, formada por jovens nascidos a partir de 2010, começa a chegar ao mercado de trabalho ainda como estagiários e aprendizes, mas já provoca mudanças significativas nas empresas. Diferente das gerações anteriores, esses jovens cresceram cercados de inteligência artificial, assistentes virtuais e conteúdos personalizados, e chegam ao mundo corporativo exigindo mais propósito, diversidade e bem-estar emocional.
Segundo levantamento da Companhia de Estágios e Opinion Box, cerca de 80% dos jovens Alpha demonstram interesse em empreender ainda na adolescência, número muito superior ao observado entre pessoas com até 24 anos. Também de acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em junho de 2025, 68% deste grupo considera melhor ser autônomo, contra 29% que preferem o emprego formal.
As empresas precisam se preparar para identificar esse novo perfil de colaboradores, que tem valorizado iniciativas diferentes dentro das corporações, como impacto social real e um ambiente de trabalho mais horizontal. As organizações precisam preparar gestores capazes de aliar inovação e acolhimento, de forma que esse grupo seja alcançado e encaixado em oportunidades de acordo com seus perfis.
- Mudanças:
Destaco que, ao contrário da geração Z, que viveu a transição do mundo analógico para o digital, a geração Alpha não conheceu outra realidade, ela nasceu conectada e com alto nível de adaptabilidade. Essa familiaridade faz com que eles esperem ambientes de trabalho mais colaborativos, dinâmicos e personalizados, além de lideranças mais abertas ao diálogo e menos hierárquicas.
Entre os pontos fortes da geração Alpha estão o pensamento crítico, a inteligência emocional desenvolvida e a habilidade para resolver problemas complexos em grupo. Em contrapartida, alerto para o risco de maior ansiedade e dificuldade de lidar com ambientes corporativos muito engessados.
Como atuante na área de Recursos Humanos, creio que seja necessário revisar políticas de recrutamento, fortalecer programas de desenvolvimento de lideranças e criar uma cultura que valorize saúde mental, dinamismo e escuta ativa. Ressalto que o trabalho da ABRH-CE tem sido orientar organizações a entender que flexibilidade, diversidade e propósito já são diferenciais para as próximas gerações.
Destaco, ainda, que enquanto os Alpha começam a ocupar espaço, já se discute a chegada da geração Beta, formada pelos nascidos a partir de 2025, que deve crescer em um ambiente ainda mais imersivo, marcado por realidade aumentada e automação avançada. Quem compreender desde já as transformações trazidas pelos Alpha estará mais preparado para enfrentar os desafios que a próxima geração vai impor.
Fonte: Kássia Sales - presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Ceará (ABRH-CE), Kássia Sales.