Pensar no futuro dos filhos vai muito além de escolher a escola ideal ou planejar uma festa de aniversário marcante. Cada vez mais, famílias têm buscado construir um legado financeiro que assegure oportunidades como intercâmbios, faculdade no exterior ou mesmo uma reserva de autonomia para a vida adulta.
No entanto, escolher onde e como investir esses recursos exige mais do que boa vontade, é preciso também estratégia, clareza de objetivos e atenção ao cenário econômico.
O primeiro passo é compreender que esse tipo de investimento não é apenas financeiro, mas um verdadeiro projeto de vida. Antes de pensar em produto ou rentabilidade, é fundamental entender o objetivo. Estamos falando de um propósito familiar, e não só de números na conta.
- Ponto de partida:
Antes de buscar o "melhor investimento", os pais devem refletir sobre para qual finalidade estão acumulando recursos: uma faculdade, uma experiência internacional, uma reserva para a fase adulta ou tudo isso junto? A definição do propósito impacta diretamente o prazo, o valor a ser guardado e a tolerância ao risco.
É a disciplina de investir todos os meses que constrói o futuro, muito mais do que tentar acertar o investimento perfeito.
Com prazos que costumam ultrapassar 10 anos, a estratégia deve combinar segurança com rentabilidade. Entre os ativos mais indicados estão o Tesouro IPCA+, ideal para proteger o poder de compra ao longo do tempo; fundos de previdência PGBL ou VGBL), que podem oferecer vantagens fiscais e sucessórias; além de fundos multimercado, fundos de ações ou, até mesmo ações que, mesmo mais voláteis, podem gerar ganhos reais ao longo dos anos.
A diversificação entre essas classes é o caminho tecnicamente mais robusto. Um portfólio bem construído tem uma base segura e uma parte exposta a ativos com maior potencial de retorno.
- Previdência privada:
Apesar de alguns mitos sobre o produto, a previdência privada continua sendo uma ferramenta útil quando bem escolhida. Entre as principais vantagens da previdência privada estão a possibilidade de optar por um regime de tributação mais vantajoso no longo prazo - com alíquota que pode cair para 10% após 10 anos do aporte - e a exclusão desse tipo de investimento do inventário, o que facilita o acesso aos recursos pelos beneficiários, de forma semelhante ao que ocorre com um seguro de vida.
A previdência não deve ser encarada como a única estratégia de investimento, mas sim como parte de um plano financeiro bem estruturado. Ele alerta que taxas elevadas ou a escolha de fundos excessivamente conservadores podem comprometer a eficiência dos resultados.
Outro ponto de atenção está na titularidade da aplicação. Investir diretamente no CPF da criança pode trazer implicações legais e tributárias, como o ITCMD (Imposto sobre Doações). Além disso, movimentações em nome de menores exigem autorização judicial, e ao atingir 18 anos, o jovem passa a ter controle total sobre o valor.
- O segredo não está nos grandes aportes:
A boa notícia é que não é necessário ter grandes quantias para iniciar. Com apenas R$ 30 já é possível investir no Tesouro Direto, e muitos fundos de previdência aceitam aportes baixos sem taxas de entrada. A chave está na constância.
R$ 100 por mês, ao longo de 15 anos, pode se transformar em um montante relevante graças aos juros compostos. O valor ideal é aquele que cabe no orçamento da família.