Avanço da circularidade exige uma nova mentalidade empresarial




O modelo linear de produção e consumo, baseado na lógica de extrair, produzir, usar e descartar, tornou-se um problema diante dos desafios ambientais e econômicos atuais. Diante desse panorama, uma alternativa vem ganhando força nos últimos anos: a economia circular. Ela surge como uma resposta concreta a essa crise da economia linear, ao propor a redução do desperdício, o reaproveitamento de materiais e a transformação dos processos produtivos. Mais do que uma tendência, trata-se de uma mudança estrutural que redefine o papel das empresas no desenvolvimento sustentável e, em última instância, o futuro de todos nós.

Segundo a Fundação Ellen MacArthur, a transição para a economia circular pode gerar 4,5 trilhões de dólares em valor econômico global até 2030. No Brasil, dados da Confederação Nacional da Indústria indicam que 76 por cento das indústrias já adotam alguma prática circular, como reuso de água, reciclagem ou logística reversa. No entanto, a maioria dessas ações ainda ocorre de forma isolada, sem integração estratégica, o que limita seu impacto positivo sobre os resultados financeiros e ambientais.

O avanço da circularidade exige uma nova mentalidade empresarial dos brasileiros, capaz de enxergar a sustentabilidade como parte imprescindível dos modelos de negócio e não como um custo adicional. Processos mais eficientes, rastreabilidade de insumos e revalorização de resíduos industriais se traduzem em economia de recursos e geração de valor para diferentes públicos. Além disso, consumidores e investidores em todo o mundo têm demonstrado preferência por marcas comprometidas com práticas de economia circular - como a preocupação ambiental - consistentes, o que amplia a competitividade das empresas que lideram essa agenda e ainda impulsiona as suas reputações.

Em suma, apesar de alguns avanços, ainda existem entraves importantes para a consolidação da economia circular no Brasil, como a ausência de políticas públicas robustas, a dificuldade de acesso a tecnologias específicas e a falta de incentivos para inovação ambiental. No entanto, usar essas barreiras como justificativa para não agir é arriscado. A transformação já está em curso e as empresas que não se adaptarem tendem a perder espaço em mercados cada vez mais exigentes.

Adotar a circularidade não é apenas uma resposta à emergência ambiental, mas uma escolha estratégica com benefícios econômicos e reputacionais claros. O futuro dos negócios tende a ser cada vez mais guiado por práticas regenerativas, que unem eficiência, inovação e responsabilidade. O tempo para hesitação está se esgotando. A economia circular é, hoje, um dos caminhos mais viáveis para quem deseja construir relevância duradoura para o seu negócio.



Fonte: Christian Wilkins - CEO da Bord