VAAS é o futuro das soluções financeiras sob demanda




A transformação digital impulsionou inúmeros avanços no setor financeiro, mas também evidenciou um desafio crescente: muitas soluções vendem a promessa de inovação, mas entregam pouco resultado prático. Neste contexto, em um mercado saturado de plataformas, funcionalidades e siglas, o que realmente importa é o impacto concreto na operação e nos números das empresas. É aí que o modelo VAAS (Value as a Service) começa a ganhar espaço.

O problema hoje não está na falta de tecnologia. Pelo contrário, há uma saturação de ferramentas que automatizam tarefas, acessam dados e prometem melhorar a performance das empresas, mas quantas dessas soluções entregam valor de verdade? Em um ambiente competitivo, pagar apenas pelo acesso a um sistema (modelo SaaS) já não basta. As empresas querem saber o que estão ganhando em troca, se estão reduzindo custos, aumentando a eficiência ou minimizando riscos.

A oportunidade está em mudar o foco da tecnologia para o resultado. O modelo VAAS propõe justamente que ao invés de vender acesso a uma ferramenta, oferecer o valor que ela entrega. Na prática, isso significa alinhar a tecnologia com indicadores concretos, como redução da inadimplência, aumento da rentabilidade ou melhor uso da informação financeira. É uma lógica que já vem sendo aplicada por empresas brasileiras com atuação inovadora no ecossistema financeiro. A oferta de soluções baseadas em Open Finance, por exemplo, representa um terreno fértil para a aplicação desse modelo.

Quando bem estruturadas, essas soluções permitem que empresas acompanhem em tempo real dados bancários e históricos transacionais dos seus clientes e parceiros, melhorando significativamente a tomada de decisão financeira e, portanto, gerando valor direto e mensurável. Em apenas quatro anos de operação, o Open Finance brasileiro alcançou 62 milhões de consentimentos para o compartilhamento de informações, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), um crescimento de 44% em relação a janeiro de 2024.


Essa infraestrutura robusta melhora significativamente a tomada de decisão financeira, gerando valor direto e mensurável, que é a essência do VAAS. A antecipação de recebíveis com maior segurança, a oferta de crédito com menor risco e a automação de fluxos financeiros antes complexos são alguns dos exemplos de entregas tangíveis promovidas por essa solução. É o caso de ferramentas que integram programações de pagamentos diretamente nas contas correntes dos envolvidos na cadeia de crédito, como o recém-lançado Pix Programado.

Portanto, o modelo VAAS se consolida como uma evolução natural. Ele exige que os fornecedores deixem de pensar apenas em software e passem a entender, de forma profunda, os problemas reais de seus clientes. Exige também responsabilidade: se a entrega prometida não acontecer, o contrato perde sentido. É um caminho mais exigente, mas também mais eficiente. Mais do que uma tendência, o VAAS representa uma que a tecnologia serve aos resultados, e não o contrário.

Num cenário em que tempo, risco e informação são fatores críticos, soluções centradas no valor gerado podem ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso de uma empresa. O futuro dos serviços financeiros não está mais em vender tecnologia, mas em entregar transformação.

                                      

Fonte: César Galvão - Mestre em Digital Product pela NUCLIO - ESPANHA, possui MBA em Controladoria e Auditoria pela FGV, como CEO e fundador da C2 Soluções Simples.