Trump muda o jogo, mas juros continuam altos




“A oficialização da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros reacende um debate urgente: o Brasil precisa rever sua estrutura tributária sobre exportações para preservar competitividade internacional. Atualmente, exportadores ainda enfrentam distorções como o acúmulo de créditos tributários não ressarcidos e a complexidade no acesso a regimes especiais, o que reduz margem e previsibilidade. Com a imposição unilateral dos EUA, que deve atingir diretamente setores como o agro, aço, alumínio e manufaturados. Com isso, abre-se espaço para discutir compensações fiscais por parte do governo brasileiro. Isso pode incluir desde o aperfeiçoamento do drawback até incentivos setoriais temporários, passando por medidas estruturais de desoneração em nível federal e estadual. Na prática, exportar para os EUA ficou mais caro. E, sem reação adequada, o risco é que empresas brasileiras percam espaço em um dos principais mercados globais. O tarifaço de Trump impõe não só barreiras alfandegárias, mas também exige resposta tributária estratégica e coordenação política do Brasil para evitar perdas de receita, empregos e participação global”, Mary Elbe Queiroz, Advogada Tributarista, presidente do Cenapret e sócia da Queiroz Advogados.

“A decisão dos EUA de oficializar tarifas de 50% sobre o Brasil reposiciona o país em um contexto global adverso, onde risco comercial e imprevisibilidade política voltam a interferir nas decisões de investimento. Para gestores e empresários, o desafio passa a ser pensar capital e estratégia num ambiente de crédito caro e com menos incentivos à expansão. Com o Copom mantendo a Selic em 10,50%, o recado é claro: não haverá espaço para juros mais baixos enquanto não houver sinal de âncora fiscal crível. O impacto sobre o PIB tende a ser negativo, e a pressão cambial pode comprometer ainda mais a confiança do investidor. O que está em jogo agora não é apenas a taxa de juros, mas a reconstrução de um modelo de negócios viável para um país que volta a enfrentar barreiras externas, juros altos e custos crescentes. Esse tripé exige novas respostas das lideranças empresariais e dos tomadores de decisão”, Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital.

“O tarifaço de Trump cria uma nova camada de estresse sobre empresas que operam com margens comprimidas e dependem de liquidez para girar capital. Com o aumento da incerteza e a possibilidade de postergação dos cortes na Selic, o mercado de crédito tende a se manter seletivo, e as soluções estruturadas, como os FIDCs, ganham ainda mais relevância. Em um cenário de juros altos e exposição cambial, as empresas precisarão reforçar sua governança e buscar instrumentos capazes de garantir liquidez sem comprometer a saúde financeira. O investidor que atua nesse setor deve observar com atenção as mudanças nas cadeias produtivas e os impactos na capacidade de pagamento dos devedores, especialmente nos setores exportadores”, Richard Ionescu, CEO do Grupo IOX.

“A oficialização da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos EUA é um novo ponto de pressão sobre a economia real. Para empresas que já operam com margens comprimidas e acesso ao crédito restrito, esse tipo de ruptura no comércio internacional eleva o risco operacional e pode acelerar casos de estresse financeiro. Do ponto de vista do Copom, a combinação entre inflação de custos importados, instabilidade fiscal e incerteza externa reforça o fim do ciclo de cortes. A manutenção da Selic em 10,50% trava qualquer recuperação mais ampla e mantém o ambiente de crédito caro, seletivo e difícil. Empresas que exportam diretamente sentirão o impacto imediato, mas mesmo aquelas que atuam no mercado interno devem se preparar para efeitos indiretos na cadeia de suprimentos. É um cenário que exige atenção redobrada a capital de giro, estrutura de dívida e governança financeira”, André Matos, CEO da MA7 Negócios.

“A oficialização do tarifaço por parte do governo Trump recoloca o Brasil no epicentro das tensões comerciais globais. Mais do que uma medida pontual, ela sinaliza uma reconfiguração da política externa norte-americana, com impactos diretos sobre cadeias agroindustriais, energéticas e de infraestrutura. Do ponto de vista macroeconômico, o Copom teve sua decisão condicionada por esse novo risco geopolítico. A Selic mantida em 10,50% não é apenas uma resposta à inflação doméstica, mas também à imprevisibilidade externa e à dificuldade do Brasil em ancorar expectativas fiscais. O efeito de médio prazo é uma economia operando com baixo dinamismo, inflação resistente nos núcleos e mais dificuldade para atrair investimentos produtivos. O ambiente exige do investidor institucional uma postura mais estratégica, com foco em ativos estruturais, inovação em energia e soluções que integrem segurança geopolítica e sustentabilidade”, Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital.

“A oficialização do tarifaço por Trump, com imposição de 50% sobre produtos brasileiros, adiciona um novo vetor de pressão sobre a política monetária e o cenário macroeconômico do país. A decisão do Copom de manter a Selic inalterada nesta quarta reflete esse ambiente de incerteza externa, com impacto direto sobre o câmbio, que tende a se desvalorizar, e sobre a curva de juros futuros, que já precifica maior risco. A medida deve encarecer importações e pressionar a inflação nos próximos meses, especialmente em setores ligados ao agro e à indústria de base. Com isso, cresce a probabilidade de a Selic permanecer em patamar elevado até o fim do ano, comprometendo a retomada do PIB e exigindo das empresas redobrado cuidado com margem, custos e planejamento de caixa”, Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.

“A antecipação do tarifaço é mais um capítulo da guerra econômica global. Com 50% de tarifa sobre produtos brasileiros, o impacto é direto em exportadoras, especialmente do agro e da indústria de base. A moeda tende a pressionar o dólar pode subir e isso respinga na curva de juros. O Copom agora tem um dilema maior. Mesmo com inflação sob controle, a pressão cambial e o risco de repasse de preços podem frear novos cortes na Selic. A sinalização de hoje já deve ser mais cautelosa. O cenário de fim de ano muda: inflação pode subir, PIB pode desacelerar”, Pedro Ros, CEO da Referência Capital.

“O tarifaço anunciado por Trump pressiona a estrutura de custos e a previsibilidade de receita de muitas empresas brasileiras, especialmente as que têm alguma conexão com o mercado externo ou dependem de cadeias produtivas ligadas ao agro e à indústria. Esse tipo de ruptura exige mais do que ajustes financeiros: demanda um fortalecimento da cultura organizacional, um modelo de gestão orientado por dados e, acima de tudo, disciplina na condução dos recursos. Com a possível postergação dos cortes na Selic, o custo do crédito tende a continuar alto, o que reforça a necessidade de revisão estratégica nas empresas, com foco em eficiência e resiliência financeira”, Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X.

“A tarifa de 50% imposta por Trump oficializa um cenário mais difícil para empresas brasileiras que dependem da exportação ou da integração com cadeias globais. Para startups e negócios em crescimento, isso pode significar retração na demanda externa, aumento de custos operacionais e maior seletividade por parte de investidores. Somado à decisão do Copom de manter os juros em 10,50%, o recado para o empreendedor é claro: precisamos navegar um ambiente de capital escasso, crescimento lento e pressão por eficiência. A curva de juros não vai destravar tão cedo, e o dólar deve manter alta volatilidade. Para quem lidera negócios, é hora de priorizar tração validada, modelos resilientes e disciplina em caixa. O impacto fiscal e comercial desse tarifaço não é conjuntural, muda o jogo para quem atua em setores estratégicos e precisa se financiar no mercado local”, João Kepler, CEO da Equity Group.

“A decisão de Trump de antecipar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros adiciona ruído geopolítico e afeta diretamente a percepção de risco do Brasil. O impacto deve ser sentido tanto no fluxo de capitais quanto na curva de juros, com possível aumento da aversão ao risco por parte dos investidores estrangeiros. Para o mercado de renda variável, isso gera pressão sobre empresas exportadoras e sobre setores ligados ao agro e commodities, principalmente os que têm os EUA como principal destino. Além disso, esse novo choque externo pode ser argumento adicional para que o Banco Central adote uma postura ainda mais conservadora em relação à Selic. O investidor precisa acompanhar de perto como essa tensão vai se refletir na balança comercial, na inflação e nos papéis ligados à cadeia exportadora”, Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.

“A oficialização do "tarifaço", com aumento das tarifas de energia, combustível e serviços essenciais, reflete a tentativa do Copom de controlar a inflação, mas também traz impactos imediatos sobre a economia, como o aumento nos custos de produção e a pressão no consumo. Isso deve resultar em uma manutenção da Selic elevada, o que pode enfraquecer o crescimento do PIB e aumentar a volatilidade cambial. A alta das tarifas pode pressionar ainda mais a inflação e aumentar a percepção de risco, levando a uma curva de juros mais inclinada e prejudicando a confiança no mercado local. Para os investidores brasileiros, o cenário sugere uma migração para ativos internacionais, como ETFs, para proteger o patrimônio da desvalorização do real e das incertezas econômicas internas. O cenário exige cautela e adaptação, com foco na diversificação internacional e em investimentos mais resilientes”, Fábio Murad, Economista e CEO da Super-ETF Educação.

“A confirmação da aplicação da tarifa de 50% das exportações ao EUA deixa o mercado em maior alerta. Para a decisão de hoje do Copom, acredito que deve ser cauteloso em manter em 15%, até mesmo para avaliar melhor o impacto real desse tarifaço. Sabemos que isso vai, provavelmente, pressionar as empresas a venderem até mesmo com uma margem negativa e ficarem com o prejuízo da tarifa. Para avaliar melhor o impacto disso na inflação e no PIB precisamos saber também, que medidas o governo brasileiro tende a tomar. Mas sabemos que, na análise geral, isso pode gerar uma desaceleração na economia, com reflexos no crescimento e nas taxas de emprego. Para as empresas, especialmente aquelas que dependem das exportações, essa situação pode significar custos mais altos, desafios no planejamento de produção e uma possível revisão de estratégias de mercado. Falando sobre o crédito para as empresa, com a economia mais imprevisível, empresários tendem a ser mais cautelosos na tomada de crédito, na mesma medida que a concessão fica mais restrita também”, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.



Fonte: Fabrizio Gueratto