Nos últimos anos, o cenário econômico brasileiro tem exigido mudanças profundas na forma como o patrimônio é gerido, inclusive entre a classe alta. Com a escalada das taxas de juros, inflação persistente e a crescente seletividade do crédito, um novo critério passou a dominar o planejamento: a liquidez.
Em vez da antiga lógica de valorização patrimonial baseada no acúmulo de bens físicos, como imóveis, o foco agora passou a estar atrelado à capacidade de transformar ativos em caixa de forma rápida e eficiente. Ter acesso imediato a recursos líquidos passou a significar poder, autonomia e resiliência em um ambiente onde as oportunidades e riscos aparecem com velocidade inédita.
Toda essa mudança se dá diante de um cenário ímpar. A taxa Selic voltou aos patamares históricos de 14,75% ao ano (níveis que não víamos desde 2006), enquanto a inflação se mantém acima de 5,5% em 12 meses. Essa combinação volátil criou um ambiente onde o crédito se tornou mais caro e escasso. O resultado é a queda do apetite por endividamento de alto valor, mesmo entre os mais ricos, que passaram a revisar suas carteiras com atenção ao custo de oportunidade de manter capital imobilizado.
Nesse contexto, imóveis residenciais de alto padrão, tradicionalmente vistos como símbolos de solidez, passaram a ser reavaliados em suas carteiras. Embora ainda representem cerca de 35% do portfólio patrimonial da elite brasileira, muitos perceberam que é possível obter maiores retornos alocando recursos em outras frentes, sobretudo renda fixa ou crédito privado. O rendimento nominal de dois dígitos e a ausência de volatilidade tornaram essas aplicações pra lá de atrativas em comparação à rentabilidade limitada da locação residencial.
Mais do que isso, o imóvel, por sua natureza ilíquida, dificulta a resposta rápida a situações críticas. Estourados certos gatilhos, sejam eles eventos sucessórios, oportunidades de investimentos ou crises cambiais, muitas famílias são forçadas a vender rapidamente ou buscar capital emergencial.
Toda essa mudança se dá diante de um cenário ímpar. A taxa Selic voltou aos patamares históricos de 14,75% ao ano (níveis que não víamos desde 2006), enquanto a inflação se mantém acima de 5,5% em 12 meses. Essa combinação volátil criou um ambiente onde o crédito se tornou mais caro e escasso. O resultado é a queda do apetite por endividamento de alto valor, mesmo entre os mais ricos, que passaram a revisar suas carteiras com atenção ao custo de oportunidade de manter capital imobilizado.
Nesse contexto, imóveis residenciais de alto padrão, tradicionalmente vistos como símbolos de solidez, passaram a ser reavaliados em suas carteiras. Embora ainda representem cerca de 35% do portfólio patrimonial da elite brasileira, muitos perceberam que é possível obter maiores retornos alocando recursos em outras frentes, sobretudo renda fixa ou crédito privado. O rendimento nominal de dois dígitos e a ausência de volatilidade tornaram essas aplicações pra lá de atrativas em comparação à rentabilidade limitada da locação residencial.
Mais do que isso, o imóvel, por sua natureza ilíquida, dificulta a resposta rápida a situações críticas. Estourados certos gatilhos, sejam eles eventos sucessórios, oportunidades de investimentos ou crises cambiais, muitas famílias são forçadas a vender rapidamente ou buscar capital emergencial.
Nesse cenário, o tempo de saída torna-se um novo gargalo, já que, segundo a Abrainc, a venda de imóveis tende a levar cerca de 12 a 16 meses, inviabilizando o acesso ao capital imediato.
Uma prova dessa mudança de mentalidade pode ser notada ao acompanharmos de perto as movimentações e práticas dos family offices, que passaram de 80 em 2020 para 146 em 2023 no território brasileiro. Com a conjectura atual, muitas dessas estruturas passaram a recorrer a operações como sale-leaseback ou fundos imobiliários de giro rápido, transformando ativos de “tijolo” em capital líquido sem abrir mão do usufruto. É o retrato de uma nova era em que o patrimônio é visto e moldado como algo móvel, flexível e com adaptabilidade.
Vamos entender esse raciocínio na ponta do lápis: enquanto R$1 milhão aplicado a CDI rende pouco mais de R$147 mil por ano, o mesmo valor atrelado a um imóvel gera apenas um aluguel implícito de menor resultado e um potencial de valorização de longo prazo. Quando o custo do dinheiro beira 15% ao ano, como é o que temos hoje, para quem precisa de capital, o patrimônio imobilizado passa a representar risco, e não mais segurança.
Por outro lado, pessoas com patrimônio imobilizado que precisam recorrer a modalidades tradicionais de crédito estão enfrentando dissabores amargos dado que as taxas de crédito pessoas física e jurídica dispararam, com produtos tradicionais operando com custos entre 30% a 70% ao ano, o que torna desafiador qualquer operação neste multiplicador de capital.
Uma prova dessa mudança de mentalidade pode ser notada ao acompanharmos de perto as movimentações e práticas dos family offices, que passaram de 80 em 2020 para 146 em 2023 no território brasileiro. Com a conjectura atual, muitas dessas estruturas passaram a recorrer a operações como sale-leaseback ou fundos imobiliários de giro rápido, transformando ativos de “tijolo” em capital líquido sem abrir mão do usufruto. É o retrato de uma nova era em que o patrimônio é visto e moldado como algo móvel, flexível e com adaptabilidade.
Vamos entender esse raciocínio na ponta do lápis: enquanto R$1 milhão aplicado a CDI rende pouco mais de R$147 mil por ano, o mesmo valor atrelado a um imóvel gera apenas um aluguel implícito de menor resultado e um potencial de valorização de longo prazo. Quando o custo do dinheiro beira 15% ao ano, como é o que temos hoje, para quem precisa de capital, o patrimônio imobilizado passa a representar risco, e não mais segurança.
Por outro lado, pessoas com patrimônio imobilizado que precisam recorrer a modalidades tradicionais de crédito estão enfrentando dissabores amargos dado que as taxas de crédito pessoas física e jurídica dispararam, com produtos tradicionais operando com custos entre 30% a 70% ao ano, o que torna desafiador qualquer operação neste multiplicador de capital.
A própria alta nas retomadas de imóveis pelos bancos, que vem crescendo basicamente 10% ao ano nesta década, só reforça essa visão. Um ativo mal posicionado pode virar passivo rapidamente.
Ao contrário da visão de outrora, liquidez não é mais sinônimo de fragilidade ou capital ocioso. Passou a ser compreendido que dinheiro líquido representa agilidade, resiliência e capacidade de reação. Ter caixa se tornou sinônimo de poder de negociação, seja para renegociar dívidas em condições mais vantajosas, ou para capturar ativos descontados em mercados estressados.
Além disso, o movimento também está relacionado à autonomia. Ter capital líquido representa liberdade e poder de escolha. Se antes a segurança estava em “ver e tocar” os bens acumulados, hoje está na liberdade de realocar recursos conforme o ambiente exige, sem a burocracia e o custo de liquidação forçada.
Em síntese, a liquidez tornou-se, para a elite brasileira, uma espécie de escudo de proteção patrimonial e ferramenta de crescimento. Quase que simultaneamente, o imóvel deixou de ser um fim em si mesmo e passou a ser visto como meio para destravar valor, ampliar horizontes e atravessar os ciclos econômicos com planejamento e inteligência financeira. Em tempos de juros altos, o capital líquido é um luxo silencioso.
Ao contrário da visão de outrora, liquidez não é mais sinônimo de fragilidade ou capital ocioso. Passou a ser compreendido que dinheiro líquido representa agilidade, resiliência e capacidade de reação. Ter caixa se tornou sinônimo de poder de negociação, seja para renegociar dívidas em condições mais vantajosas, ou para capturar ativos descontados em mercados estressados.
Além disso, o movimento também está relacionado à autonomia. Ter capital líquido representa liberdade e poder de escolha. Se antes a segurança estava em “ver e tocar” os bens acumulados, hoje está na liberdade de realocar recursos conforme o ambiente exige, sem a burocracia e o custo de liquidação forçada.
Em síntese, a liquidez tornou-se, para a elite brasileira, uma espécie de escudo de proteção patrimonial e ferramenta de crescimento. Quase que simultaneamente, o imóvel deixou de ser um fim em si mesmo e passou a ser visto como meio para destravar valor, ampliar horizontes e atravessar os ciclos econômicos com planejamento e inteligência financeira. Em tempos de juros altos, o capital líquido é um luxo silencioso.
Fonte: Daniel Gava - CEO e fundador da Rooftop.