Relação entre herdeiros e empresas tem se modificado continuamente




Segundo o PwC Global NextGen Survey, 65% dos jovens sucessores priorizam o crescimento do negócio, e 61% já participam de planos formais de sucessão. Ainda assim, muitos escolhem seguir carreiras fora da empresa da família. Neste cenário, preparar a sucessão sem impor caminhos é essencial para garantir continuidade e preservar o legado com flexibilidade.

O processo sucessório deve considerar os interesses individuais do herdeiro, sem comprometer a saúde da empresa.

O fato de o sucessor não estar à frente da operação não significa ausência de responsabilidade ou vínculo com o negócio. Ser herdeiro não é necessariamente ocupar cargos de gestão. Muitas vezes, o herdeiro se prepara para assumir a presidência do conselho consultivo ou administrativo. Com clareza de papéis e governança ativa, é possível preservar o legado sem abrir mão das escolhas pessoais.

A pesquisa também revela que apenas 28% dos jovens sucessores estão diretamente envolvidos na operação da empresa. Isso reflete uma geração que tende a contribuir de forma mais estratégica, participando de conselhos, assembleias e decisões importantes, mesmo sem ocupar cargos executivos. Por isso, cresce a importância de estruturas de governança que viabilizem essa atuação indireta, porém consistente, da família.

Ainda de acordo com o especialista, cabe à governança familiar preparar o herdeiro para atuar como sócio responsável, mesmo que ele esteja distante da rotina operacional. Para isso, é essencial formação adequada, participação em fóruns estratégicos e acompanhamento próximo das decisões da empresa. Estar presente em fóruns estratégicos permite que o herdeiro tome decisões baseadas em informações sólidas e alinhadas aos interesses da família e do negócio.

Além disso, os conselhos são fundamentais na integração entre família e empresa. Na visão de Smidt, o conselho de família organiza expectativas e responsabilidades, enquanto o conselho consultivo oferece suporte técnico e fortalece a profissionalização. Os herdeiros podem atuar também no conselho da família ou no conselho de sócios, participando estrategicamente sem atuar diretamente na operação. Enquanto os conselhos familiares estruturam expectativas e definem funções, o conselho consultivo traz conhecimento técnico e apoia a gestão profissional.

Optar por não assumir a liderança não significa ausência de engajamento. Muitos herdeiros atuam como investidores, conselheiros ou articuladores do legado familiar, mantendo influência nas decisões estratégicas. A clareza na definição de funções, aliada a processos de governança estruturados, possibilita a coexistência de diferentes perfis, todos contribuindo para o fortalecimento do negócio a partir de papéis distintos.



Fonte: Paulo Ricardo Smidt - consultor sênior da GoNext Governança e Sucessão.