Joinville, a maior cidade de Santa Catarina, está se consolidando como um destino estratégico para a prática do birdwatching – a observação de aves em seu habitat, atividade que vem ganhando força em todo o Brasil como forma de ecoturismo sustentável. Com trilhas acessíveis, áreas de proteção ambiental e rica biodiversidade, o município oferece experiências únicas para turistas, fotógrafos de natureza e observadores de aves de todos os níveis.
Localizada em uma das regiões mais biodiversas do Brasil, a Mata Atlântica, Joinville tem 488 aves catalogadas – o equivalente a 25% das espécies avistadas no Brasil -, graças à diversidade de biomas que vai da região da Serra até a Baía e região de Mangue. Algumas delas são emblemáticas como o Guará, a Maria-Catarinense (foto), o Socó-Jararaca, a Coruja-preta, e o topetinho-verde que encantam tanto especialistas quanto iniciantes.
Segundo o biólogo Alexandre Venson Grose, presidente do COA Joinville, Clube de Observadores de Aves que congrega pessoas de diferentes áreas do conhecimento interessados na observação de aves em vida livre, a cidade possui registros inéditos em nível nacional e várias espécies raras, que são difíceis de serem observadas em outras regiões do Brasil.
Para a prática da atividade, Joinville possui sete unidades de conservação, sendo que pelo menos quatro delas são acessíveis (Morro do Amaral, Caieira, Morro do Finder e Morro do Boa Vista), além de propriedades rurais como a Curi Agroecologia e o Sítio Canela Preta. “Como a temática de observação de aves está em alta na cidade, a participação da comunidade é cada vez mais frequente. Fizemos a votação da ave símbolo de Joinville, e mais de mil pessoas votaram. É comum pessoas fazerem fotos das espécies, seja com o celular mesmo, ou com câmeras fotográficas e marcarem a prefeitura municipal ou o COA Joinville. Alguns restaurantes próximos da Babitonga, mostram interesse na temática ofertando passeios e até pratos inspirados nas aves, como o Guará, por exemplo”, conta Grose.
O secretário de Cultura e Turismo de Joinville, Guilherme Gassenferth, é um entusiasta da atividade e ressalta que Joinville tem se mostrado um verdadeiro refúgio para a avifauna e um laboratório a céu aberto para os amantes da natureza. “O potencial turístico ligado ao birdwatching está em plena expansão, com espaço para formação de guias especializados, hospedagens adaptadas e roteiros voltados à conservação ambiental”, afirma.
Enquanto a cidade ainda não possui dados específicos sobre o quanto a prática pode representar para a economia local, a atenção se volta para os expressivos números mundiais que contabilizam mais de 100 milhões de observadores de aves, que geram aproximadamente US$ 90 bilhões de dólares por ano. Segundo a Organização Mundial do Turismo, a observação de aves é considerada hoje uma das formas mais sustentáveis de turismo, representando uma oportunidade concreta para o desenvolvimento regional com baixo impacto ambiental.
Além do apelo natural, a infraestrutura urbana de Joinville — com boa rede hoteleira, aeroportos próximos e conexões rodoviárias eficientes — contribui para o crescimento do turismo de natureza na região. Iniciativas de educação ambiental e eventos voltados à conservação também reforçam o engajamento local com a valorização da biodiversidade.
Exemplos disso são a participação de Joinville em eventos como o movimento Global Big Day e a Avistar, a maior feira de observação de aves da América Latina, em ação coordenada pelo Joinville Convention Bureau, por meio de um convênio com a Secretaria de Cultura e Turismo, onde o potencial da cidade foi evidenciado em posição de liderança do estado, firmando-se entre as 20 cidades do Brasil com maior riqueza de espécies.
Fonte: Fatima Gatoeiro