Famílias encolhem e demanda por imóveis compactos cresce



Se aquela clássica imagem da “família de comercial de margarina” é a ideia que você ainda tem do que seja a família brasileira, é melhor fazer um upgrade urgente nesse seu conceito, que pode estar, no mínimo, ultrapassado. Aliás, definir um perfil exato dos agrupamentos familiares no Brasil é uma tarefa pra lá de difícil. Afinal, tal como o nosso povo, nossas famílias também são ricamente diversas. Mas uma coisa podemos afirmar com certeza sobre as famílias brasileiras: elas estão encolhendo.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano 2000, na virada do século, o número médio de membros por família era de 3,7; já em 2022, ano do último Censo do IBGE, esse índice caiu para 2,8 pessoas. Também tem crescido o número de domicílios brasileiros com apenas uma pessoa vivendo. Em 2010, o número de residências com apenas um morador era de 12,2%; em 2022, esse percentual saltou para 16%, segundo dados do IBGE.

Essas famílias mais compactas são reflexo de várias mudanças comportamentais e econômicas ao longo das últimas décadas, como a diminuição da taxa de natalidade no país, a maior presença das mulheres no mercado de trabalho e o fato de elas serem, pela primeira vez, a maioria dos chefes de lares no Brasil — 51%, segundo dados do último Censo.

Novas configurações familiares, como casais sem filhos, lares liderados por mães solo, casais homoafetivos (com ou sem filhos) ou a família unipessoal (arranjo familiar formado por apenas uma única pessoa), há tempos já impactam alguns segmentos econômicos, como, por exemplo, o mercado imobiliário. Embora os imóveis residenciais de dois e três quartos ainda sejam as tipologias mais procuradas, nos últimos anos tem-se registrado uma crescente demanda por moradias compactas que, ao mesmo tempo, sejam bem localizadas, com alto padrão construtivo e inseridas em empreendimentos modernos com muitas opções de lazer e convivência.

Um quarto:

Em Goiânia, por exemplo, segundo um estudo encomendado pela Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado de Goiás (Ademi-GO) à consultoria Brain Inteligência Estratégica, no segundo semestre de 2022 foram lançadas na capital 315 unidades residenciais de um quarto em empreendimentos verticais (prédios residenciais), e comercializadas 471 unidades com essa tipologia no mesmo período. No segundo semestre de 2023, a quantidade de lançamentos de unidades com um quarto avançou para 498, e foram comercializados 529 apartamentos com um dormitório.

Já no segundo semestre de 2024, o número de unidades com um quarto lançadas foi de 833, e 885 apartamentos dessa tipologia foram vendidos no mesmo período. Conforme dados da pesquisa Brain, em dois anos, a quantidade de apartamentos de um quarto lançados só em Goiânia mais do que dobrou — um aumento de 164% no período.

Afirma que, quando presentes nos projetos, as unidades de um dormitório são as que vendem mais rapidamente. A gente percebe realmente uma velocidade maior de comercialização dessas unidades de um quarto, não só pelo valor, já que costumam ser as mais baratas, mas também porque há uma demanda contínua e crescente por imóveis dessa tipologia. Para se ter uma ideia, o Noah Sim Home, um dos nossos mais recentes lançamentos no Setor Bueno, em Goiânia, teve praticamente 100% das suas 35 unidades de um quarto vendidas só na semana de lançamento do empreendimento.

Destaco que essa mesma velocidade de vendas das unidades de um quarto foi registrada também em outros empreendimentos já entregues pela incorporadora. O 140 Wellness Marista, no Setor Marista, e o Cult Oxford, no Setor Leste Universitário, são empreendimentos residenciais compactos, com unidades de um ou dois dormitórios, voltados justamente para famílias menores ou pessoas que buscam espaços compactos, mas sem abrir mão do alto padrão construtivo e de uma localização nobre. Em ambos os projetos, as unidades de um quarto foram as primeiras a serem comercializadas, já na semana de lançamento.

Demanda pelos compactados:

Junto com os grupos de jovens solteiros e casais sem filhos, os investidores imobiliários formam o perfil principal de compradores de apartamentos de um quarto. Eles compram como investimento justamente para atender a essa demanda por compactos de alto padrão, que no mercado de locação oferecem enorme rentabilidade.

Essa demanda por apartamentos compactos, em especial os de um quarto, sempre irá existir — não só pela tendência de agrupamentos familiares menores, mas também para atender à demanda de moradia de acordo com a fase da vida da pessoa. A nossa vida, ao longo dos anos, passa por muitas mudanças. Quando jovem ou estudante, você busca mais liberdade, mais comodidade e menos espaço; então, a sua demanda por moradia é uma.

Mas as relações, hoje em dia, também são muito dinâmicas. Então, um casal com ou sem filhos que se vê, por exemplo, numa situação de separação, percebe que terá outra necessidade de moradia. Ou os casais maduros que, ao se verem sós num apartamento enorme comprado para os filhos que já cresceram e saíram de casa, percebem que preferem manter a boa localização que tinham, mas num apartamento um pouco menor, porém com igual qualidade e segurança.



Fonte: Guido Santos - coordenador comercial da SIM Incorporadora, empresa especializada na construção de condomínios verticais de alto e médio padrão.