Pequenas mudanças nos hábitos de consumo podem gerar recursos que, se bem direcionados, abrem portas para oportunidades de investimento e crescimento patrimonial. Dados da Associação Internacional para Pesquisa em Psicologia Econômica (Iarep) demonstram que definir objetivos confere sentido ao ato de poupar, transformando o comportamento em meta concreta.
Entre as dicas de investimentos, é destacada a necessidade de conhecer as diferentes modalidades de aplicação antes de direcionar os recursos poupados, conforme estratégias e orientações de especialistas e instituições do mercado financeiro brasileiro.
1. Antes de tudo, organize suas finanças:
O primeiro passo para economizar dinheiro é conhecer os próprios hábitos de consumo, como explica a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin). Registrar os gastos ao longo do mês e categorizá-los por tipo de despesa permite identificar áreas em que é possível economizar.
A metodologia 50-30-20, desenvolvida por Elizabeth Warren, ganhou popularidade pela simplicidade: metade da renda (50%) deve ser destinada às necessidades, 30% aos desejos e 20% à poupança.
2. Identifique e elimine desperdícios:
Após compreender quais são as despesas essenciais e quais são as supérfluas, a Abefin recomenda identificar como é possível reduzir os custos. Entre as sugestões para o primeiro grupo de despesas estão práticas simples, como evitar deixar cômodos vazios com luz acessa e banhos demorados para economizar com a conta de luz; aproveitar as ofertas no supermercado para diminuir os gastos com alimentação; pagar as contas fixas em dia para evitar juros e, quando possível, antecipá-las ou pagá-las à vista para pleitear descontos.
A análise das despesas supérfluas pode representar uma economia ainda maior, já que há aquelas que podem ser eliminadas: assinaturas de serviços raramente utilizados, compras de roupas novas sem necessidade, pedidos de delivery e compras on-line impulsivas estão entre os principais vilões do orçamento doméstico.
A recomendação é, antes de decidir comprar algo não essencial, esperar alguns dias e usar esse período para pesquisar o produto e considerar se realmente vale a aquisição.
3. Adote estratégias práticas na rotina doméstica:
Fazer uma lista de compras antes de ir ao supermercado evita gastos desnecessários e compras por impulso, como destaca a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor - Proteste. A mesma lógica se aplica ao guarda-roupa: verificar o que se tem antes de comprar roupas novas.
Preparar refeições em casa e levar marmita ao trabalho oferece vantagens para o orçamento, comparado ao hábito de comer fora diariamente. Quem trabalha viajando pode pesquisar a melhor tag de pedágio, já que algumas instituições bancárias oferecem gratuidade aos correntistas.
4. Entretenimento sem comprometer o orçamento:
Pensar em opções de lazer sem custo também ajuda a poupar. Peças de teatro, shows e exposições com entrada gratuita são opções de entretenimento. Programas ao ar livre também podem entrar na agenda para garantir o lazer mais acessível. Encontrar os amigos em casa, em vez de frequentar bares, pode ser outra alternativa para reduzir os gastos.
5. Estabeleça metas e automatize a poupança:
A presidente da Iarep, Vera Rita Ferreira de Mello, enfatiza que estabelecer objetivos confere propósito ao ato de poupar. Como dica, sugere escrever as metas num papel e deixá-lo visível, como na porta da geladeira. Essa visualização do objetivo funciona como estímulo motivacional.
Outra alternativa para facilitar o processo de poupar é a automatização da transferência de recursos para conta poupança, já que elimina a possibilidade de esquecimento. Praticamente todas as instituições bancárias disponibilizam depósitos automáticos programados, facilitando a implementação dessa estratégia.
6. Quite dívidas o mais rápido possível:
Quanto mais tempo se leva para pagar dívidas, mais dinheiro vai para os juros em vez de fortalecer as economias. Estratégias como os métodos Avalanche ou Snowball podem acelerar o processo de quitação e liberar recursos para investimentos.
O Avalanche prioriza o pagamento das dívidas que apresentam as maiores taxas de juros. A ideia é listar todas as dívidas em ordem decrescente de juros e pagar o valor mínimo de todas, exceto da dívida com o maior juro, para a qual se destina todo valor extra disponível.
Após quitar essa dívida, o processo segue para a próxima com maior taxa, e assim sucessivamente, como uma “avalanche” que vai descendo a montanha. É recomendada para pessoas pacientes e disciplinadas, que conseguem manter o foco no longo prazo.
Já o método Snowball, ou “bola de neve”, adota uma abordagem diferente: a ideia é quitar rapidamente as dívidas pequenas para ganhar motivação e impulso psicológico, o que ajuda a manter o comprometimento com o plano de pagamento.
Embora essa estratégia possa resultar em pagamento de mais juros no total, pois as dívidas maiores e mais caras demoram mais para serem quitadas, ela ajuda quem precisa de um estímulo emocional para não desistir do processo de quitação.
No geral, renegociar ou quitar dívidas sempre que possível proporciona mais liberdade no orçamento e permite economizar mais dinheiro mensalmente.
7. Transforme economia em investimento:
Poupar é importante, mas investir é a forma de fazer o dinheiro “trabalhar” e ampliar o patrimônio, como informa a Abefin. Os investimentos apresentam rentabilidade que permite o crescimento do capital por meio de juros compostos, valorização dos ativos e eventuais distribuições de proventos.
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) destaca a importância de conhecer as principais características dos investimentos para dar o primeiro passo como investidor.
8. Conheça seu perfil de investidor:
Nesse sentido, a Anbima também destaca a necessidade de conhecer o próprio perfil do investidor, que pode ser conservador, moderado ou arrojado, refletindo diferentes níveis de tolerância ao risco.
Investidores conservadores priorizam segurança sobre rentabilidade, optando por aplicações menos voláteis, mesmo que gerem retornos menores. O perfil arrojado, por sua vez, busca rentabilidade elevada e aceita riscos maiores em troca do potencial de ganhos superiores. O moderado é um intermediário entre ambos.
9. Diversifique entre renda fixa e variável:
O universo dos investimentos se divide entre renda fixa e renda variável. Na primeira modalidade estão opções como Tesouro Direto, CDBs e LCIs, que apresentam maior previsibilidade. A segunda inclui ações, fundos imobiliários e criptomoedas, com potencial de retorno maior, mas também mais riscos.
A Anbima alerta sobre a necessidade de compreender a rentabilidade, os riscos e a liquidez dos investimentos para melhor compreensão sobre onde e quanto investir. A orientação é manter uma carteira diversificada, porém alinhada ao perfil do investidor.
10. Mantenha constância nos aportes:
Estabelecer uma quantia fixa para investir mensalmente (ou até mesmo anualmente) e seguir esse planejamento é considerado fundamental para obter bons resultados. A disciplina e constância nos aportes favorecem o crescimento do patrimônio e permitem aproveitar melhor o efeito dos juros compostos.
Quanto maior o patrimônio, maior pode ser o rendimento obtido com os ativos, acelerando o caminho para conquistar objetivos financeiros de longo prazo.
Fonte: Clarisse Benony