Educando-se financeiramente para educar os filhos




À medida que o Dia das Mães se aproxima, é importante destacar, também, o papel crucial que as mães podem desempenhar na formação da consciência financeira dos filhos, ao conversar sobre dinheiro em casa e, mais do que isso, ser exemplo de alguém que cuida das finanças.

Segundo pesquisa da Serasa, 85% dos pais e mães discutem educação financeira com seus filhos, evidenciando a importância do diálogo familiar nesse processo. É nesse espaço de conversa que se constrói a base para decisões mais conscientes no futuro.

Mães trabalham fora, ganham o próprio dinheiro e muitas sustentam o lar. Dados do Censo do IBGE em 2022 mostraram que 49,1% dos lares brasileiros eram chefiados por mulheres. Quase metade dos lares brasileiros têm mulheres responsáveis pelas finanças e estas mulheres, responsáveis pelo sustento da família, decidem no que vão gastar e como vão gastar, mas ainda são poucas as que dominam o universo dos investimentos.

Frequentemente elas terceirizam essa função para o homem mais próximo. Ou seja, o papel de cuidar do dinheiro, ainda hoje, acaba sendo relacionado às figuras masculinas dentro da família. Mas então, como virar esse jogo? Cabe à nós mães buscar informações, tomar as rédeas da nossa vida financeira e nos tornarmos exemplos para nossos filhos, principalmente para nossas filhas, de como preservar o nosso dinheiro e alcançar uma vida financeira equilibrada.

- Preparando filhas para a maternidade financeira:

Estudos indicam que a maternidade ainda impacta negativamente a carreira das mulheres no Brasil. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), ter filhos pode afetar tanto a renda quanto a empregabilidade de mulheres no mercado de trabalho. Segundo Ana, o planejamento financeiro é uma forma de proteção para essa fase da vida: - as mães que conversam com as filhas sobre isso desde cedo estão oferecendo não só conhecimento, mas também autonomia.

A maternidade traz desafios financeiros específicos, e preparar as filhas para essa realidade pode fazer a diferença. Ensinar sobre planejamento, poupança e investimentos ajuda a equipar as futuras mães com as ferramentas necessárias para equilibrar as demandas da vida pessoal e profissional.

- Conciliando carreira e maternidade:

A grande maioria das mães enfrentam o desafio de equilibrar a carreira profissional com as responsabilidades da maternidade. Planejamento financeiro e apoio institucional são essenciais para que as mulheres possam manter sua trajetória profissional sem abrir mão da presença na vida dos filhos.

A busca por flexibilidade no trabalho, como jornadas reduzidas ou home office, tem sido uma estratégia adotada por muitas mães para conciliar essas duas importantes áreas da vida. A maternidade não precisa ser o fim de uma trajetória profissional. Com organização e rede de apoio, é possível manter o crescimento na carreira e ainda exercer a maternidade com presença e qualidade.

- Educando -se financeiramente para educar os filhos:

Para ensinar sobre finanças, é fundamental que as mães também busquem aprimorar seus conhecimentos nessa área. Participar de cursos, ler sobre o tema e trocar experiências com outras mães pode fortalecer a capacidade de transmitir valores financeiros sólidos aos filhos.

A educação financeira não é apenas sobre números, mas sobre escolhas conscientes e valores. Ao se tornarem exemplos de responsabilidade e planejamento, as mães influenciam positivamente o comportamento financeiro das futuras gerações. Educação financeira é uma ferramenta de empoderamento. Quando as mães se sentem seguras para lidar com o próprio dinheiro, elas transmitem isso para seus filhos de maneira natural.

- Aposentadoria: um legado que também se ensina:

A educação financeira também deve contemplar o planejamento para a aposentadoria — e as mães podem liderar esse diálogo desde cedo dentro de casa. Segundo o Raio X do Investidor Brasileiro, divulgado pela Anbima, 92% dos aposentados no Brasil dependem exclusivamente do INSS para se sustentar. Além disso, o cenário demográfico aponta para uma crescente população idosa: de acordo com o IBGE, pessoas com mais de 60 anos representam 15,6% da população brasileira em 2025, e esse número deve chegar a 28% até 2046. 

Ainda assim, apenas 3% dos aposentados conseguem manter-se por meio da previdência privada, 2% dependem de apoio financeiro da família ou dos filhos, e só 1% vivem de pensões, aluguéis ou aplicações financeiras. Esse quadro reforça a urgência de falar sobre o futuro financeiro desde cedo.

Mães que abordam com os filhos e filhas a importância de começar a se planejar financeiramente para cada passo da vida e a se preparar desde jovem para a aposentadoria, e que dão o exemplo em casa, na verdade estão ensinando sobre liberdade e segurança.

O cuidado com as finanças pessoais é uma das formas mais efetivas de garantir que o ciclo de dependência financeira não se perpetue nas próximas gerações. Neste Dia das Mães, é importante reconhecer e valorizar o papel das mães também na formação da consciência financeira dos filhos, pois dinheiro também é assunto das mamães e um belo investimento no futuro de toda a família.


Fonte: Ana Leoni - especialista em comportamento financeiro e cofundadora da Bem Educação.