O impacto das flutuações da taxa Selic no mercado imobiliário




O cenário econômico brasileiro enfrenta um desafio significativo com a alta da taxa Selic. De acordo com estimativas recentes, o mercado projeta que 2025 se encerrará com a Selic próxima aos 15% ao ano, um reflexo pessimista que encontra base na inflação brasileira e em sua alta de 4,83% no final do ano passado. 

Flutuações financeiras como esta afetam diretamente o custo dos financiamentos, dificultando o acesso à moradia e desacelerando o mercado imobiliário. No entanto, a perspectiva de uma possível redução da taxa nos próximos meses e anos pode impulsionar novamente o setor, criando oportunidades para compradores e investidores.

A economia brasileira não é estável, e esse não é um fato recente. Índices de juros e inflação flutuam ao longo de dias, semanas e meses, aumentando ou reduzindo valores de acordo com os fenômenos que impactam o mercado financeiro. Essa volatilidade está diretamente associada à performance do mercado imobiliário, uma vez que taxas de juros elevadas encarecem os financiamentos, reduzindo a demanda por imóveis. 

No fim de janeiro deste ano, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) estimou uma queda de 15 a 20% no volume de financiamentos imobiliários baseados em recursos da poupança, refletindo uma possível dificuldade na concessão de crédito e no acesso à moradia para diversas famílias brasileiras.

No entanto, da mesma forma que altas na taxa Selic podem atrapalhar o setor imobiliário, quedas podem trazer novas oportunidades e o desejo de adquirir uma casa própria segue crescendo entre os brasileiros. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) conduzida no terceiro trimestre de 2024 revelou que 46% do público entrevistado tem a intenção de comprar um imóvel, representando um aumento de 10 pontos percentuais em relação ao resultado obtido no ano anterior. 

Além disso, o relatório Focus, divulgado recentemente pelo Banco Central, prevê reduções na taxa Selic nos três próximos anos, delineando um cenário mais otimista para a economia e, consequentemente, o segmento imobiliário.

A queda da Selic pode beneficiar especialmente os compradores de imóveis residenciais, que representam a maior parte do mercado. Com juros mais baixos, as prestações dos financiamentos se tornam mais acessíveis, permitindo que mais famílias realizem o sonho da casa própria. Além disso, a redução dos juros pode estimular a construção de novos empreendimentos, gerando empregos e impulsionando a economia. 

No entanto, é importante ressaltar que a redução da taxa não é uma solução imediata para todos os problemas do setor imobiliário. Outros fatores, como a oferta de crédito, a disponibilidade de terrenos e a burocracia para aprovações de projetos, também influenciam o desempenho do mercado e devem ser considerados por imobiliárias e construtoras ao tomar decisões de negócio.

Por fim, para contornar possíveis cenários pessimistas, algumas construtoras e bancos também têm criado novas modalidades de financiamento mais amigáveis aos clientes. Essas iniciativas buscam oferecer condições mais favoráveis aos compradores, como prazos de pagamento mais longos e taxas de juros fixas por um período determinado. Estratégias têm o objetivo de manter o mercado aquecido, mesmo em um ambiente de juros elevados.

Em suma, a alta da Selic e de outras taxas nos últimos anos têm colocado empresas e consumidores em alerta, criando desafios significativos para o setor imobiliário. Todavia, a casa própria ainda faz parte dos sonhos de muitos brasileiros e a redução da taxa de juros nos próximos meses segue sendo uma possibilidade que pode impulsionar o mercado, criando oportunidades para compradores e investidores. 

Por isso, manter um olhar atento às movimentações financeiras do mercado e uma relação próxima com o público é fundamental para garantir uma boa performance e oportunidades no mercado imobiliário, em prol da manutenção da competitividade adequada e do ciclo de oferta e demanda de novos imóveis.


Fonte: Daniel Pazinatto - especialista em gestão de empreendimentos e sócio-diretor da Antonio Andrade. Formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Paulista.