Dicas práticas para driblar a valorização do dólar nas viagens




Viajar para o exterior é um sonho para muitos brasileiros, mas a alta constante do dólar nos últimos anos tem tornado essa realidade mais desafiadora. Para quem já tem uma viagem marcada, as preocupações aumentam, já que os custos no destino, como hospedagem, alimentação e passeios, podem pesar ainda mais no orçamento. 
A boa notícia é que, com um planejamento financeiro bem elaborado e algumas estratégias inteligentes, é possível minimizar os impactos das oscilações cambiais e aproveitar ao máximo a experiência de viagem. Nesta análise, você encontrará orientações práticas para enfrentar a alta do dólar, manter o controle sobre os gastos e transformar sua viagem em uma experiência inesquecível que se ajusta ao seu orçamento.

- A alta do dólar e seus fatores:

A valorização do dólar em relação ao real reflete um cenário menos favorável para a moeda brasileira devido a questões que estão ocorrendo tanto no Brasil quanto no exterior. Fatores como as incertezas fiscais internas e expectativas sobre a nova gestão nos Estados Unidos têm gerado instabilidade nos mercados, aumentando a percepção de risco entre investidores e contribuindo para a alta da moeda americana.

Historicamente, o dólar tem demonstrado uma trajetória de alta em relação ao real. A taxa de câmbio nominal, que representa o valor de uma moeda em relação a outra sem considerar os efeitos da inflação, é um dado que pode ilustrar essa dinâmica. Por exemplo, de acordo com dados do Banco Central, a taxa de câmbio nominal era de R$ 1,86 em dezembro de 2011 e alcançou R$ 6,18 em dezembro de 2024. Essa elevação evidencia a valorização do dólar frente ao real ao longo dos anos.

No entanto, com algumas estratégias práticas, é possível contornar esses desafios e aliviar o impacto no bolso. A seguir, você encontrará dicas essenciais para driblar a alta do dólar e aproveitar sua experiência internacional sem comprometer o orçamento.

Estratégias para mitigar o impacto da alta do dólar:

Para quem já está com a viagem marcada ou pretende viajar em breve, há diversas estratégias para mitigar os efeitos da desvalorização da nossa moeda no orçamento da viagem. Confira a seguir as 6 dicas práticas para driblar a alta do dólar:

1) Organize o orçamento da viagem:

O primeiro passo para organizar sua viagem internacional, especialmente em tempos de alta do dólar, é revisar cuidadosamente o orçamento.
Separe suas despesas em categorias, como transporte, hospedagem, alimentação, passeios e compras. Identifique as prioridades e elimine ou substitua gastos que não são essenciais. Por exemplo, você pode optar por passeios gratuitos ou com descontos e explorar restaurantes menos turísticos, que oferecem boa comida a preços mais acessíveis.

Além disso, avalie quanto você pode gastar na viagem. Estime os custos diários no destino, incluindo transporte, alimentação, passeios e compras. Esse cuidado ajuda a evitar surpresas e mantém o controle financeiro.

2) Antecipe despesas sempre que possível:

Antecipar gastos pode ser outra estratégia inteligente. Comprar ingressos para atrações e reservar serviços com antecedência protege contra futuras oscilações cambiais e facilita o planejamento financeiro.

3) Use ferramenta de controle:

Utilizar ferramentas como planilhas é essencial para manter o controle sobre suas despesas e garantir que o planejamento esteja alinhado com seus objetivos.

4) Diversifique os meios de pagamento:

A escolha da melhor forma de pagamento depende de diversos fatores, incluindo o destino, o perfil do viajante e o orçamento disponível. 
A seguir, analisamos os prós e contras das 4 principais opções disponíveis:

- Dinheiro em espécie: é uma das opções mais acessíveis e práticas para pequenos gastos diários, como transporte, alimentação e lembranças. Ele possui a vantagem de um IOF reduzido (1,1% atualmente), sendo a modalidade com a menor tributação na conversão de moeda. Porém, é necessário cautela devido ao risco de perda ou roubo. Para evitar problemas, leve apenas o necessário para despesas menores e distribua o valor em diferentes locais na bagagem e na carteira, respeitando as regras de transporte de valores do país.

- Cartão pré-pago: é uma excelente ferramenta para quem deseja maior previsibilidade nos gastos, pois permite travar a cotação do dólar no momento da recarga. Além disso, é mais seguro que o dinheiro em espécie, já que pode ser bloqueado em caso de perda ou roubo. Contudo, é fundamental estar atento às taxas de recarga e saques, que podem variar conforme a instituição emissora, além do IOF de 4,38% vigente atualmente o que significa que uma compra de R$ 100 geraria uma taxa de R$ 4,38.

Cartão de crédito: oferece praticidade e segurança, sendo indispensável para emergências ou compras pontuais durante a viagem. Entretanto, apresenta um IOF de 4,38% e o câmbio aplicado é o da data de processamento da compra, o que pode gerar valores inesperados devido às oscilações da moeda. Por isso, seu uso deve ser moderado. Alguns cartões oferecem benefícios como seguro-viagem e programas de recompensas, que podem agregar valor ao planejamento.

Conta global: Essa modalidade tem se destacado como uma alternativa prática e econômica para lidar com a alta do dólar. Trata-se de contas correntes que podem ser abertas ainda no Brasil. Geralmente, o processo é simples, pode ser realizado pelo celular e, dependendo da instituição escolhida, é gratuito.

Com um IOF reduzido (1,1%) nas transferências, as contas globais permitem converter reais para dólares ou outras moedas com taxas mais competitivas. Além disso, possibilitam realizar conversões de forma gradual, o que ajuda a suavizar os impactos das flutuações cambiais. O saldo em moeda estrangeira pode ser acessado por meio de um cartão vinculado à conta, sendo ideal para compras e saques no exterior.

Antes de optar por essa modalidade, é importante verificar as tarifas de manutenção ou transferência cobradas pela instituição para garantir que seja uma escolha realmente vantajosa.

Qual meio de pagamento escolher?

Entre os 4 meios de pagamento, o cartão pré-pago oferece maior controle financeiro ao travar a cotação no momento da recarga, enquanto o cartão de crédito é mais adequado para emergências ou compras pontuais, devido à sua praticidade, apesar da incerteza cambial. O dinheiro em espécie e contas globais têm a vantagem de garantir o câmbio no momento da compra, ao contrário do cartão de crédito, que depende da cotação no dia do processamento, adicionando incertezas.

Além disso, a troca em casas de câmbio reduz o IOF para 1,1%, representando uma economia em relação à alíquota de 4,38% aplicada aos cartões. Com o dólar em patamar elevado, adotar essa estratégia ajuda a equilibrar o orçamento durante a viagem.

A melhor abordagem é diversificar: leve uma pequena quantia em espécie para gastos menores, utilize o cartão pré-pago para despesas principais e mantenha o cartão de crédito como opção para imprevistos.

5) Compre dólar aos poucos:

Agora vamos a uma dúvida comum entre os viajantes: é uma boa ideia comprar dólar mesmo em tempos de alta? Sim, a compra de moeda deve ser feita de forma gradual, aproveitando dias de cotações mais favoráveis. Essa estratégia ajuda a diluir o impacto das flutuações cambiais, construindo um preço médio mais vantajoso e reduzindo a exposição a picos de alta.

6) Invista até o grande dia:

Investir o valor destinado à viagem em aplicações seguras e rentáveis é uma estratégia eficiente para proteger seu orçamento e maximizar seus recursos. O rendimento obtido pode ser usado para cobrir gastos imprevistos, como uma alta inesperada no dólar, despesas médicas ou até mesmo para complementar despesas com passeios, compras ou melhorias na hospedagem.

O Tesouro Selic, por exemplo, é uma opção de investimento em renda fixa considerada de baixo risco, ideal para objetivos de curto prazo. Ele oferece liquidez diária e acompanha a taxa básica de juros da economia (a Selic). De acordo com a projeção dos nossos especialistas, a Taxa Selic, atualmente em 12,25%, deve continuar oferecendo uma rentabilidade atrativa para quem investe em produtos atrelados a ela, com expectativa de alcançar 15,5% em 2025.

Para ilustrar, ao investir R$ 10.000,00 a uma taxa de 12,25% ao ano, equivalente a atual taxa Selic, o montante acumulado ao final de 12 meses seria de aproximadamente R$ 11.000,00 líquidos, ou seja, já considerando o desconto de impostos.

Essa rentabilidade representa quase 1% ao mês, um percentual muito atrativo quando pensamos em taxas de retorno de investimentos, ainda mais se levarmos em consideração que, investimentos da categoria renda fixa tem, por característica, menor risco, o que pode equilibrar os impactos da alta do dólar, proporcionando maior tranquilidade financeira e flexibilidade para sua viagem.

Por fim, com um planejamento financeiro cuidadoso e estratégias bem definidas, é possível minimizar os efeitos de um câmbio desfavorável e aproveitar a viagem internacional sem comprometer o orçamento. Adotar a estratégia de compra gradual de dólar, que permite construir um preço médio mais vantajoso, é uma excelente forma de suavizar as oscilações cambiais e reduzir os impactos financeiros.

Além disso, a diversificação dos meios de pagamento, o investimento em opções seguras e um orçamento bem ajustado oferecem a segurança necessária para transformar o sonho de viajar em realidade, com tranquilidade para aproveitar cada momento ao máximo.



Fonte: Thaísa Durso - educadora financeira da Rico.