Países ricos e as Transferências financeiras dos BRICs




Um estudo recente da Escola de Economia de Paris, de Gastón Nievas e Alice Sodano, demonstra que países membros do BRIC estão transferindo anualmente o equivalente a R$ 3,4 trilhões para economias mais desenvolvidas.

A soma de recursos é resultado das exportações de produtos de baixo valor agregado e da importação de tecnologia avançada, um padrão que tem sido observado em muitas nações em desenvolvimento.

Os pesquisadores também destacaram que essa transferência financeira está resultando em um fenômeno onde os quatro quintos mais pobres do planeta estão financiando o quinto mais rico com aproximadamente U$ 660 bilhões a cada ano.

A perda de 2 a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países em desenvolvimento, representados pelo BRIC, devido a essas transferências é alarmante. Esse capital poderia ser direcionado para investimentos internos que impulsionariam o crescimento econômico e melhorariam as condições de vida das populações locais. Contudo, a dependência contínua dessas economias em relação às importações de alta tecnologia e a estrutura global do mercado financeiro dificultam a reversão desse quadro.

Enquanto os países em desenvolvimento sofrem com a perda de recursos, parte significativa desses capitais é direcionada para as economias mais desenvolvidas, onde são investidos em diversos setores, incluindo tecnologia, infraestrutura e inovação.

Esses fluxos de capital internacional podem tanto beneficiar quanto prejudicar os países em desenvolvimento. Por um lado, o investimento estrangeiro pode trazer conhecimento, tecnologia e oportunidades de emprego, estimulando o crescimento econômico e o desenvolvimento. De outra forma, a dependência excessiva desses países em relação ao capital estrangeiro pode criar vulnerabilidades, como a instabilidade financeira e a perda de autonomia nas políticas econômicas.

Países em desenvolvimento devem promover políticas que atraiam investimentos de forma sustentável, ao mesmo tempo em que fortalecem suas capacidades produtivas internas. Isso pode envolver a adoção de medidas para melhorar o ambiente de negócios, garantir a estabilidade macroeconômica e promover a inovação e o desenvolvimento de habilidades locais.


Fonte: Luciano Bravo - CEO da Inteligência Comercial e Mentor do Crédito Internacional.