Mercado voluntário de créditos de carbono deve avançar no Brasil

     


A preservação do meio ambiente está na pauta do dia e vem ganhando cada vez mais adeptos nos últimos anos. Uma pesquisa do Information Services Group (ISG), realizada em 2023, aponta que o Brasil está avançando de forma assertiva em sua agenda ESG, especialmente após ter sido o primeiro a incorporar padrões globais do International Sustainability Standards Board (ISSB) em seu quadro regulatório, medida que resultou no aumento da demanda por soluções sustentáveis em todo o território nacional, tendo em vista a exigência, a partir de 2026, de auditoria independente para validar as divulgações necessárias pelas normas IFRS S1 (foco em sustentabilidade) e IFRS S2 (voltada para fatores climáticos).

Em um mundo onde as práticas sustentáveis definem o consumo de produtos e serviços, o crédito de carbono assume um papel importante para que o tema sustentabilidade vá além do discurso. Segundo pesquisa da consultoria EY, 66% dos consumidores brasileiros tomam decisões de compra com base no impacto ambiental de um produto ou serviço, enquanto 46% estão dispostos a pagar mais por produtos feitos de maneira sustentável.

O Brasil tem potencial para ser um importante protagonista do setor de certificação e estoque de carbono. Segundo a Enap (Escola Nacional de Administração Pública), podemos atender de 5% a 37,5% da demanda mundial do mercado voluntário, ou seja, aquele formado por empresas, indústrias, etc., e de 2% a 22% do regulado, composto pelas nações que estabeleceram metas em acordos globais até 2030.

Embora o país concentre 15% do potencial global de captura de carbono por meios naturais, emite menos de 1% do potencial anual. Num cenário ideal, o Brasil poderia atender a 48,7% da necessidade mundial por créditos de carbono, desde que haja um investimento maciço no setor. Existem discursos que apontam para datas específicas, mas diante do atual cenário é difícil de imaginar que estas metas sejam factíveis, mas, de todo modo, o quadro é promissor.

A Tero Carbon é a primeira certificadora brasileira com DNA genuinamente amazônico e tem a oportunidade de desempenhar um papel importante a favor da sustentabilidade, atuando em prol da democratização do mercado de crédito de carbono e tornando a certificação de projetos mais ágil e acessível para pequenas e grandes propriedades.

Acreditamos que com isso abrimos espaço para que todas as áreas de florestas e cultivos agrícolas sustentáveis possam contribuir efetivamente na mitigação dos efeitos da mudança climática. Essa medida vai ao encontro da determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que obrigará as companhias de capital aberto a publicarem relatórios anuais com informações financeiras relacionadas à sustentabilidade a partir de 2026.

- Crédito de carbono: a solução para reduzir e compensar as emissões de gases:

Mesmo não sendo líder do mercado de créditos de carbono e de neutralização de emissões de gás carbônico, o Brasil incentiva a sustentabilidade ao alavancar o potencial neste setor, garantindo a boa convivência entre as áreas agricultáveis e as extensões de florestas e outros biomas naturais preservados.

O papel da Tero Carbon é assegurar a integridade do ativo, salvaguardar a geração deles e, por fim, materializá-lo digitalmente. Ao popularizar o mercado, temos a oportunidade de ampliar o debate sobre o tema, apontando soluções efetivas.


Fonte: Francisco Higuchi - CEO da Tero Carbon e doutor em Ecologia e Manejo de Florestas Tropicais (UFPR/INPA/ FFPRI Japão).