ESG ajudará as empresas mitigar as mudanças climáticas




Utilizar o termo ESG dentro das corporações tem se tornado uma prática comum, afinal, pode ser uma ótima estratégia para a imagem da marca e uma forma de atrair investidores. Mas, na situação em que vivemos, de grandes e rápidas mudanças climáticas, o conhecimento e a introdução dos conceitos ESG tornaram-se mandatórios. As empresas não possuem mais escolhas a não ser agir, imediatamente, diante das emergências climáticas.

Para se ter uma ideia da gravidade da atual situação, 2023 atingiu o nível recorde de emissões de CO2, alcançando a marca de 37,4 bilhões de toneladas. Se comparado com o ano anterior, o aumento é equivalente a um acréscimo de 410 milhões de toneladas, impulsionado, principalmente, pelo uso contínuo de combustíveis fósseis. 

Já cientistas dos Estados Unidos avaliaram, por meio do Serviço Copernicus (C3S), órgão ligado à União Europeia que pesquisa mudanças climáticas, que 2024 possivelmente será 30% mais quente do que 2023 – que também obteve os dias mais quentes do que a temperatura média global calculada entre 1850 e 1900. Entendem o porquê das empresas atuarem, “para ontem”, diante das suas responsabilidades éticas, sociais e ambientais?

Mesmo com estes números alarmantes, vejo que há uma dificuldade das companhias em organizar suas iniciativas dentro do tema ESG, e fazer isso de forma orquestrada e convergente. O que demonstra um certo estágio de imaturidade corporativa, principalmente quando tratamos das questões socioambientais. Entendo que, conforme seu setor de atuação, cada empresa dará um foco maior em um dos pilares do ESG (ambiental, social ou governança). 

Porém, é preciso ter muita atenção para que nenhum pilar seja negligenciado. Em pesquisa recente sobre o “Panorama ESG no Brasil 2023”, produzida pela Amcham Brasil em parceria dom a Humanizadas, 53% dos empresários afirmam que a sustentabilidade faz parte dos valores estratégicos.

O conceito ESG surgiu, justamente, por meio da necessidade das companhias em adotar uma visão integrada sobre fatores sociais, ambientais e de governança. O tema, que tem ganhado protagonismo, foi criado para 50 presidentes das maiores instituições financeiras do mundo pelo ex-secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan.

É preciso manter a essência dessa visão integrada, indo além da implementação de medidas isoladas. Precisamos que todas as empresas e organizações caminhem para ESG de forma séria, técnica e comprometida. A partir deste princípio, companhias de qualquer porte ou setor de atuação poderão fazer a diferença contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e plural e certamente tomarão ações que vão contribuir efetivamente no combate às mudanças climáticas.




Fonte: Fernando Beltrame - mestre em compostagem pela USP, engenheiro pela Unicamp e CEO da Eccaplan.