A Inteligência Artificial na implementação e avanços em ESG




Num primeiro momento, é possível que muitos não percebam bem a relação e se perguntem o que a Inteligência Artificial tem a ver com ESG. Quando pensamos na infinidade de dados gerados por qualquer operação, sabemos que o trabalho de análise desses dados pode perfeitamente ser feito por uma pessoa. 

Porém, o recurso humano também pode ser perfeitamente mais bem aproveitado para desenhar estratégias a partir das análises feitas pela IA, que, diga-se de passagem, faria isso em muito menos tempo. Portanto, a questão aqui é muito mais de otimização de recursos.

Como acontece com tudo na vida, existem prós e contras no uso da IA, claro. E não é de hoje que os grandes empresários, os mais inovadores e, principalmente, os que permanecem por mais tempo num mercado altamente volátil, já se deram conta de que não vale a pena nem resistir às mudanças nem focar no lado negativo, nas ameaças. Conhecê-las é uma questão de sobrevivência, mas colocar atenção em criar oportunidades é ainda mais vital.

Trazendo essa visão para os negócios de impacto, o cenário não é diferente. Para ser sustentável de maneira abrangente, e não apenas para o próprio negócio, uma empresa precisa ter disponíveis as informações mais precisas possíveis sobre cada área que afeta o seu resultado. Em especial, os indicadores que mostram, de maneira objetiva, o seu impacto positivo em cada letra da sigla ESG.

Para o Meio Ambiente, a IA pode trazer benefícios para o monitoramento ambiental. Isto é, a tecnologia pode ser usada para acompanhar, em tempo real, a qualidade do ar, da água e do solo, permitindo que as empresas identifiquem e solucionem problemas de forma mais rápida e eficiente. 

Na gestão de recursos, a IA pode otimizar o uso de eletricidade e água, por exemplo, reduzindo o consumo e as emissões de gases de efeito estufa. E também pode ser um importante aliado para desenvolver e aprimorar tecnologias de energia renovável, agricultura sustentável e outros campos relacionados ao meio ambiente.

No que diz respeito ao âmbito Social, a IA pode contribuir para a gestão da cadeia de suprimentos, ajudando as empresas a identificar e eliminar violações de direitos humanos e práticas trabalhistas abusivas em suas cadeias de suprimentos. Além disso, pode ser usada para promover a diversidade e a inclusão no local de trabalho, por exemplo, através de ferramentas de recrutamento e seleção imparciais, assim como para identificar e prevenir riscos à saúde e segurança dos trabalhadores.

Para a Governança, a tecnologia pode auxiliar as organizações a identificar e gerenciar riscos climáticos, regulatórios e de corrupção. Também pode fornecer insights para auxiliar na tomada de decisões estratégicas relacionadas aos critérios ESG. Por meio da IA, é possível melhorar a comunicação, e promover e aumentar a transparência das empresas em relação ao seu desempenho em todas as áreas, por exemplo, através da geração de relatórios automatizados.

Agora pensando na cadeia de alimentos e em como reduzir o desperdício, a Inteligência Artificial pode: ajudar a criar e monitorar uma efetiva estratégia ESG que contemple, entre outros pontos, dar maior visibilidade de onde surgem as perdas e o desperdício, para que seja possível eliminar essas fontes ou, ao menos, reduzi-las; fornecer a informação necessária para a geração de treinamentos específicos para os colaboradores direta e indiretamente envolvidos no fluxo das perdas e do desperdício; e mapear os impactos ambientais dos excedentes antes e depois de serem transformados em alimento bom para ser doado.

Tudo isso tem o potencial de gerar cada vez mais inovação de maneira realmente sustentável. Por isso, nunca é demais lembrar que é muito importante que a matriz de materialidade das empresas de toda a cadeia de produção alimentícia, considere seus excedentes como alimentos, e não como resíduos. Afinal, esses artigos que, por qualquer motivo, deixam de poder ser comercializados não têm mais vida econômica, mas ainda têm uma vida social.


Fonte: Alcione Pereira - Fundadora e CEO da Connecting Food