Nos últimos 20 anos, as empresas enfrentam demandas crescentes de clientes para se tornarem mais conscientes em relação ao meio ambiente. De acordo com uma pesquisa da McKinsey e da NielsenIQ, realizada em 2023, produtos que alegavam ser sustentáveis ou estar de acordo com os pilares ESG obtiveram um crescimento cinco vezes maior do que os que não faziam essa associação nos últimos cinco anos.
Mais de 90% da geração Z acredita que as empresas devem levar em consideração as questões ambientais e as novas gerações querem trabalhar em instituições sustentáveis.
Porém, como alerta o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas em 2022, a janela para se adaptar às mudanças climáticas é “breve e de fechamento rápido”. Por isso, retórica não é o suficiente. Nós não teremos um futuro muito promissor se os países não cumprirem as suas metas de redução das suas emissões em 45% até 2030 e atingirem emissões líquidas zero até 2050, conforme especificado no Acordo de Paris assinado em 2015.
Acredito que a indústria da logística, que tem sido essencial para o comércio, agora tem uma oportunidade histórica de possibilitar a transformação para um futuro sustentável.
Como podemos direcionar o setor de logística para o caminho correto de atingir as emissões líquidas de carbono zero? Devido à complexidade, escala e interdependência das cadeias de suprimentos globais, não existe uma “bala de prata”. São vários desafios - como as emissões do transporte marítimo e aéreo de longa distância - que ainda exigem grandes avanços tecnológicos ou produtivos, antes que possam ser resolvidos em sua totalidade.
Uma solução que pode fazer uma grande diferença é investir em combustíveis aéreos e marítimos sustentáveis, utilizar sistemas de entrega multimodais e aumentar a eficiência. No entanto, isso exigirá um esforço conjunto entre provedores logísticos, empresas e consumidores finais.
A logística multimodal, por exemplo, impacta a pegada de carbono ao combinar os pontos fortes de diferentes modos de transporte. As empresas podem diminuir significativamente os custos e as emissões de carbono. Como exemplo, temos a alternância de embarques do transporte aéreo para o marítimo, ou seja trazer carga por mar em longa distância nas principais rotas programadas, com transferência intra regional no modal aéreo para o trecho final até o país de destino, Essa medida reduz as emissões de carbono em até 80% e não impede as empresas de obter tempos de trânsito competitivos para seus produtos. Com planejamento e previsão eficazes, também podem manter níveis de estoque mais baixos.
Outra abordagem envolve a otimização da rede. Um exemplo é a recente tendência de nearshoring, que envolve trazer linhas de produção e operação para países vizinhos. O nearshoring pode melhorar as distâncias e o tempo de transporte, reduzir as interrupções e tornar as operações mais sustentáveis por meio de emissões agregadas mais baixas. Assim, os impactos potenciais nos níveis de estoque necessários e nos custos de produção podem ser mitigados por meio do planejamento, muitas vezes apoiado por ferramentas de tecnologia e dados que fornecem maior visibilidade dos pedidos e suporte na previsão.
Nos exemplos citados acima, todos têm um papel a desempenhar. A maior conscientização dos consumidores por produtos que demonstram práticas de cadeia de suprimentos mais ecológicas estimulará a demanda por soluções de logística mais sustentáveis e inovadoras. Muitas empresas estão preparadas para otimizar continuamente suas redes, alternar entre modos de transporte e rotas, compartilhar dados com seus provedores de logística, tudo para permitir maior eficiência e direcionamento de investimentos. Essas companhias estarão melhor posicionadas para atender a essa necessidade emergente do consumidor.
Os investimentos proativos dos provedores de logística em tecnologias e soluções mais verdes, combinados com relatórios sobre as reduções de emissões e benefícios para os clientes, irão impulsionar a demanda e a criação de soluções que levarão à cadeias de suprimentos com emissão zero no futuro.Juntos, podemos transformar o nosso mundo para um amanhã mais verde.
Fonte: Eric Brenner - CEO da DHL Global Forwarding (DGF) no Brasil