Cunha se candidata à Rede de Cidades Criativas da Unesco



A Estância Climática de Cunha, no interior de São Paulo, se candidatou à categoria Artesanato e Artes Populares da Rede Mundial de Cidades Criativas. Idealizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a iniciativa reconhece mundialmente a importância de alguns destinos para o desenvolvimento da economia criativa ao redor do mundo.

Em meio aos belíssimos cenários naturais da Serra da Bocaina, Cunha fomenta muitas conexões culturais, principalmente quando o assunto é arte. Isso porque o

município é reduto de ceramistas e, em 2022, foi reconhecido pelo Governo Federal como Capital Nacional da Cerâmica de Alta Temperatura.

A tradição começou na década de 1970, quando um grupo de artistas japoneses, portugueses e brasileiros chegou à cidade e transformou o antigo Matadouro Municipal em um ateliê de arte. Foi ali que eles construíram o primeiro forno Noborigama (modelo japonês que funciona à lenha) da região.

Atualmente, o destino tem a maior concentração de Noborigamas da América Latina. São seis exemplares, com três, quatro e até sete câmaras.

Além disso, a cidade é lar do primeiro forno a lenha sem emissão de fumaça (Sasukakei) do Brasil. Com capacidade para queimar entre 200 e 300 peças, ele foi construído pelo mestre japonês Masakazu Kusakabe a partir de técnicas ancestrais do Japão.

É importante ressaltar que a Capital Nacional da Cerâmica de Alta Temperatura também é o único polo do Brasil que concentra todas as modalidades da cerâmica artesanal. Além dos fornos que funcionam com diferentes queimas de lenha, há exemplares obvara, raku, elétricos, a gás, de buraco, de sal e até pré-colombianos.



Apesar de ganhar inúmeras atrações artísticas novas ao longo dos anos, Cunha sempre manteve referências e muito respeito às origens. O antigo Ateliê do Matadouro, por exemplo, foi transformado na Casa do Artesão, onde mais de 60 profissionais expõem seus trabalhos. Outro bom exemplo de resistência cultural é a Olaria do Burrico, que ainda produz tijolos a partir de uma técnica milenar de prensagem manual em formas de madeira.

Todos os anos, o destino celebra sua tradição com o Festival de Cerâmica de Cunha, realizado sempre em outubro. Outros eventos culturais também agitam o calendário local, como a famosa Festa do Divino, celebração de origem portuguesa na qual turistas e fiéis se juntam em novenas e festejos. Os eventos religiosos de Cunha, inclusive, são marcados pelas danças e músicas da Congada, outra herança histórica riquíssima do município.


Fonte: Daniel Ramirez