Carteiras de empréstimo serão afetadas por mudanças climáticas




Uma análise global do impacto de risco conduzida pela Bain & Company e pela Jupiter Intelligence destaca os desafios para bancos e instituições financeiras que não se adaptarem adequadamente às mudanças climáticas. O novo estudo revela que é crescente a quantidade de locais no mundo que estão sujeitos a riscos climáticos, com diferentes intensidades e velocidades de impacto em diversos países.

A Bain identificou que uma minoria dos bancos em todo o mundo considera riscos relacionados à mudança climática em suas estratégias de empréstimos atuais. A análise mostra que apenas 18% dos bancos europeus começaram a integrar tais ameaças e a maioria dessas instituições ainda não incorpora riscos climáticos em sua definição de estratégia, processos de monitoramento, definição de metas, oferta de produtos ou relacionamento com o cliente.

Nos Estados Unidos, por exemplo, 43% do seu território estão atualmente sujeitos a riscos relacionados ao clima - parcela que pode alcançar 65% até 2050. Na Indonésia, esse índice está hoje em 31%, mas pode chegar a 97% em 2050. Os países europeus mostram padrões semelhantes, com a Alemanha passando de 33% para 68% e a da Itália, de 40% e 62% no mesmo período.

Bain e Jupiter simularam implicações financeiras para um banco modelo, com uma carteira localizada na Itália, para identificar o impacto que essas mudanças poderiam ter no valor dos ativos e na lucratividade das instituições bancárias. Sem nenhuma ação de mitigação, até 2050, o valor das garantias hipotecárias dos bancos-modelo pode cair entre 10% e 15% e afetar a lucratividade dos empréstimos hipotecários entre 7% e 10%.


- Como os bancos devem se preparar:

Segundo a análise da Bain, os bancos deveriam implementar estratégias não apenas para limitar os efeitos das mudanças climáticas, como também para melhorar a lucratividade geral por meio de uma combinação de iniciativas de ajuste e novas ofertas.

Em relação aos ajustes, é recomendável incluir a imposição de limites de valor do empréstimo e a redução do custo do risco por meio de seguro de proteção ao crédito. Adicionalmente, nesse contexto, pode prever o aumento dos níveis de desconto em ativos de baixo risco ou a implementação de um seguro autônomo de proteção contra riscos climáticos. Por outro lado, essas ações não devem ser radicais, uma vez que podem criar resultados contraproducentes, especialmente quando o mercado ainda está se adaptando a novos fenômenos.

Como complemento, o relatório recomenda que os bancos desenvolvam novas ofertas para ajudar os clientes a mitigar o impacto das mudanças de clima. Isso inclui o financiamento de soluções de adaptação e a oferta de avaliações da resiliência ao risco de ativos e instalações corporativas.

A partir da combinação entre medidas de mitigação e movimentos de criação de valor será possível gerar um aumento de 15% a 20% na receita operacional líquida dos bancos em 2030. Para se prepararem para o futuro, as instituições financeiras precisam agir agora e ganhar transparência e compreensão da exposição de sua carteira para, então, começarem a construir sua estratégia diante dos riscos impostos pelas alterações climáticas.



Fonte: Adriana Gartner