O que esperar do mercado de carbono em 2023?




O Brasil tem potencial para ser o maior do mundo quando o assunto é o mercado de carbono em 2023, diante da imensidão das nossas florestas e das diversas alternativas de ações sustentáveis adotadas pelo nosso agronegócio. E o novo ano apresenta um cenário que permite, enfim, avanços significativos para que isso se concretize.

Para contextualizar, de forma resumida, como funciona o setor: um crédito de carbono consiste em uma certificação digital que comprova que uma empresa ou um projeto ambiental evitou em um determinado ano a emissão de uma tonelada de CO2 (dióxido de carbono, principal gás que age no efeito estufa) ou CO2 equivalente (outros gases, como metano e óxido nitroso, que também contribuem para o efeito estufa).

No Brasil, por enquanto, temos o mercado voluntário. Ou seja, ninguém é obrigado a comprar crédito de carbono para compensar os impactos negativos de suas atividades sobre o meio ambiente. Mas cada vez mais empresas aderem, seja por consciência ou por pressão de investidores e de seus consumidores. Ou mesmo na expectativa de se antecipar a regulamentação do mercado, o que já ocorre em diversos países.

A mudança do governo federal traz sinalizações positivas para a regulamentação do mercado de carbono no Brasil. Antes mesmo de assumir o cargo, o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participaram da COP27 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em novembro de 2022. 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também sinalizou em tornar regular o programa de compra de créditos de carbono, com o objetivo de estimular projetos e contribuir para a preservação do meio ambiente. A escolha se dará por meio de chamadas públicas e a de 2023 já está prevista.

Segundo estudo da McKinsey & Company, o Brasil tem potencial de responder por até 15% da oferta mundial de créditos voluntários por meio de soluções naturais, como o reflorestamento e a conservação de florestas ameaçadas, que trazem ainda benefícios como recuperação da biodiversidade e da segurança hídrica. 

O potencial do Brasil é um dos maiores do mundo, equivalente somente ao da Indonésia (15%), e muito acima de outros países, como Estados Unidos (3%) e China (2%). Por outro lado, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o aumento das emissões será 10,6% nos próximos anos. 

Com isso, as liberações de CO2 precisam ser cortadas em 43%, até 2030, em comparação com os níveis de 2010. Desta forma, transformar esse potencial brasileiro em realidade é urgente.


                                                


Fonte: Bruno Matta, engenheiro ambiental e CEO da climate tech brCarbon