A Grant Thornton Brasil, companhia global de auditoria, consultoria e tributos, fez uma pesquisa com conselheiros de empresas acerca das práticas relacionadas ao tema ESG (Ambiental, Social e Governança, do inglês), nas empresas brasileiras.
Segundo os conselheiros consultados, 33% das empresas não possuem uma estrutura voltada para ESG, por outro lado, 48% das empresas de capital aberto têm orçamento ou investimento específico em ESG, enquanto nas empresas de capital fechado esse índice caí para 36%, o que mostra uma diferença relevante na prática de investimentos nesta agenda.
Há certo equilíbrio entre os pilares de ESG contemplados no planejamento estratégico das companhias: governança (31%), social (30%) e ambiental (28%) e as motivações para essa inclusão vão desde responsabilidade corporativa (20%), posicionamento de mercado (19%) e mitigação de riscos (13%), até exigência dos acionistas ou conselho de administração (12%) e requerimentos legais (7%). A estratégia financeira (6%) ainda não aparece como forte motivadora para as empresas, assim como a demanda de clientes (6%) e a pressão de steakholders (2%).
No pilar ambiental (E), os temas mais relevantes para a organização são energias renováveis (17%), consumo de recursos naturais (11%) e logística reversa, reciclagem e reuso (10%), enquanto as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e mudanças climáticas aparecerem com 7%, recursos hídricos, com 6%, biodiversidade, com 5%, e desmatamento ao longo da cadeia produtiva, com 4%.
No pilar social (S), se destacaram diversidade e inclusão (24%), saúde e segurança do trabalho (17%) e impactos significativos na comunidade (10%), seguidos pelos temas pobreza no local onde a empresa está inserida (9%), diversidade no conselho de administração (7%), assédio moral ou sexual (6%) e redução da pobreza e miséria (3%).
Em governança (G), a estrutura de governança é o tema prioritário, com 29%, seguido por gestão de dados pessoais e privacidade (22%), combate à corrupção (16%), transparência na remuneração de executivos (5%) e direito dos acionistas (4%).
Vale ressaltar que, apesar dos avanços na agenda ESG, em geral, ainda é baixo o número de empresas que se comprometem com metas. Os maiores índices se referem a temas que estão há mais tempo em discussão e, portanto, mais consolidados. É o caso de diversidade e inclusão no pilar social, especialmente após a pandemia de covid-19, quando a pauta de cuidado com as pessoas ganhou mais relevância.
- Metas ESG – Ambiental:
Gestão de resíduos – 17%
Não há metas ambientais estabelecidas – 16%
Uso de água – 15%
Uso de energia – 15%
Emissões de gases – 10%
- Metas ESG – Social:
Diversidade e inclusão – 25%
Saúde, segurança e bem-estar – 22%
Comunidade – 10%
Não há metas sociais estabelecidas – 10%
Direitos humanos – 5%
Em governança, apesar de grande parte dos impactos e riscos para as empresas tenha origem na cadeia de fornecimento, a gestão de fornecedores é meta para apenas 11% dos pesquisados.
- Metas ESG – Governança:
Gestão de riscos – 29%
Ética e conduta – 25%
Gestão de fornecedores – 11%
Não há metas de governança estabelecidas – 8%
Para Adriana Moura, sócia líder de Governança, Riscos e Compliance (GRC) da Grant Thornton Brasil, falta aprimorar processos e estabelecer indicadores para monitoramento dos avanços nas empresas, de forma a responder à crescente demanda global pelo tema ESG. “Apesar dos recentes avanços, as empresas ainda não estão estruturadas para alavancar todas as questões que ESG abrange, a fim de obter maior credibilidade junto aos investidores”, avalia.
“Nota-se que os aspectos ambientais e sociais ainda não recebem a atenção devida das empresas, mas a sociedade e os investidores estão cada vez mais aptos e atentos a identificar aquelas que estão realmente comprometidas e possuem práticas concretas de sustentabilidade”, complementa Daniele Barreto e Silva, líder de Sustentabilidade da Grant Thornton Brasil.
“As empresas brasileiras ampliaram seu olhar para os aspectos ESG, mas ainda há lacunas importantes a ser preenchidas. É preciso ir além do compliance e das questões ligadas aos riscos de reputação e à valorização da marca, que na grande maioria das organizações têm sido o principal motivador da sustentabilidade na agenda de decisão executiva,” conclui Daniele.