O ESG Investing é baseado na premissa de que fatores relacionados ao ambiente, sociedade e governança são, apesar de intangíveis, ligados diretamente ao resultado positivo ou negativo das companhias.
Uma instituição que adere devidamente aos padrões ESG pode não somente apresentar uma vantagem competitiva diante das demais, mas contar com impactos financeiros significativos. Isso se deve ao fato de que, para uma decisão de investimento, são consideradas as informações das empresas a respeito do tema e, dessa forma, é possível “conhecer” melhor e analisar seus propósitos, valores e suas estratégias.
A importância cada vez maior desse comprometimento e seu impacto positivo na produtividade e lucratividade das empresas, junto à discussão em alta sobre o tema, têm popularizado esses fundos globalmente.
De acordo com um estudo recente do Bank of America, de cada US$ 3 investidos em fundos em 2021, US$ 1 foi destinado a esse tipo de ativo. A pesquisa aponta ainda que os investimentos nesses tipos de fundos cresceram cerca de 73% no último ano.
O tema de ESG no mundo de investimentos é na verdade a resposta que a indústria de fundos está oferecendo para um movimento mundial que é movido basicamente por consumo. O consumidor cada vez mais irá procurar produtos que tenham um apelo sustentável. Isso vai desde o consumo de alimentos até o de produtos financeiros.
- Fundos de ESG investem em empresas comprometidas com os pilares ESG adotando medidas em quais âmbitos?
É baseada basicamente nos pilares no inglês de Environmental, social and corporate governance, adaptado ao português de Ambiental, Social e Governança. No detalhe, o âmbito Ambiental se refere ao uso de recursos naturais, emissão de carbono e poluentes, tecnologia limpa, mudanças climáticas, proteção da diversidade e desmatamento.
Já o Social, o foco é em políticas e relação de trabalho, privacidade e segurança de dados, políticas de inclusão, gênero e diversidade, relações comunitárias, respeito aos direitos humanos, oportunidades de treinamento e desenvolvimento.
E, por fim, a Governança com estrutura, composição, independência e diversidade do conselho, honestidade fiscal, combate a corrupção e suborno, remuneração executiva, lobbying e estrutura para denúncias de irregularidades.
Vale lembrar que isso pode se dar em várias camadas. Por exemplo, um Fundo pode alocar recursos em setores que sejam indutores de mudanças, como energia limpa. Pode também investir em setores tradicionalmente poluentes, mas nos quais as empresas investidas estejam, comprometidas com despoluição ou fixação de carbono. Um fundo pode também investir em linhas de crédito que gerem impacto em comunidades e reduzam desigualdade. As possibilidades são muito amplas.
- Como está a regulação quanto a esses Fundos?
Nos EUA, os órgãos regulatórios se preparam para regulamentar esses fundos. Já no Brasil, a legislação deu um salto no último ano, com novas diretrizes vindas da Comissão de Valores Mobiliários, do Banco Central e da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), como atestar formalmente o compromisso de que o investimento é sustentável, adotar ações regulares compatíveis com o alcance e o monitoramento desse propósito e dar transparência a essas características tanto ao investidor quanto ao público.
Temos uma visão que isso irá se sofisticar cada vez mais, tanto na criação de padrões mínimos de ESG, na estruturação dos produtos financeiros, mas também na avaliação dos efetivos impactos. Ou seja, teremos mais fatores de avaliação do sucesso de um fundo que não sejam só o retorno puramente financeiro. E sim, alguns investidores decidirão suas alocações também por isso.