Agenda ESG sem o RH não se sustenta nas organizações



Durante a segunda edição do FÓRUM ESG para RH, organizado pela ABRH Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos), especialistas destacaram o profissional de RH como um agente protagonista da agenda ESG nas empresas. O evento, que aconteceu presencialmente na última semana de setembro, reuniu aproximadamente 300 pessoas, no Espaço Armazém de Eventos, em São Paulo (SP).

Painéis apresentados no Fórum ESG para RH:

Com um público focado nos temas apresentados, o evento teve início às 9h com uma palestra magna de abertura, seguida por sete painéis que abordaram tópicos como cultura humanizada, novas competências ESG, diversidade e inclusão, o RH como influente na agenda de ESG da empresa, desafios para criar uma cultura organizacional orientada por ESG e o peso do ESG para o employer branding.

A apresentação “Como tornar a empresa mais diversa e inclusiva?”, feita por Amanda Ferreira, Gerente e Embaixadora de Diversidade na empresa do setor varejista Via Varejo, e Gabriela Augusto, Diretora e Fundadora da Transcendemos Consultoria, foi um dos principais destaques do evento. De acordo com Gabriela, quando uma empresa investe em diversidade e inclusão, todos ganham.

“Os colaboradores ganham uma cultura na qual eles são mais respeitados e se sentem mais livres para serem quem são. Portanto, eles se tornam mais felizes, resultando em um impacto positivo para a companhia”, afirma. “Pessoas diferentes também trazem mais inovação e criatividade, por isso é preciso entender que diversidade e inclusão nas organizações se fazem com intencionalidade, e que essas diferenças precisam ser reconhecidas e celebradas”.

Na avaliação de Amanda, ainda existe um grande desafio na implementação da diversidade. “Essa agenda ainda é muito nova e alguns indicadores sobre ela permaneceram iguais nos últimos dez anos”, explica. “Um exemplo disso foi uma declaração feita pela ONU Mulheres, 10 anos atrás, afirmando que o público feminino ocupava apenas 30% dos cargos de liderança nas empresas, e que esse percentual ainda não mudou significativamente”.

Para uma empresa se tornar mais diversa e inclusiva, Amanda explica que as organizações precisam ter um compromisso com a agenda e torná-la parte da cultura e da estratégia do negócio. A especialista também destaca que é preciso realizar um diagnostico qualitativo e demográfico da companhia. “Dessa forma será possível entender o cenário da empresa e tomar decisões mais assertivas”, pontua.

O painel “Quais os desafios para se criar uma cultura organizacional orientada por ESG?” também foi destaque, apresentado por Carolina Zwarg, Diretora de Pessoas e Sustentabilidade na Porto Seguro, e Paula Alessandra Viesti Domingues, Diretora de Gente e Sustentabilidade da CVC CORP. Segundo Alessandra, as organizações precisam ser firmar para que os conceitos ligados ao ESG façam parte de sua cultura organizacional, a fim de criar um crescimento sustentável dos negócios das companhias.

Carolina pontua que o RH tem um papel ativo nessa aplicação. “Sem a participação efetiva da área de Pessoas, as estratégias de ESG não se sustentam”, explica. “No meu entendimento, devemos nos posicionar como incentivadores desse tema, promovendo ações junto aos colaboradores e contando com as áreas de Sustentabilidade e de Comunicação, para que as empresas consigam inserir essas práticas em seus negócios e relações com stakeholders”.

Outra atração do dia foi o tema “Como formar líderes com mentalidade ESG?”, palestrado por Ricardo Voltolini, coordenador do Fórum ESG para RH, e Denise Hills, Diretora Global de Sustentabilidade da Natura&Co Latam. Denise relata que é preciso reconhecer a necessidade da agenda ESG, pois o mundo está passando por problemas sérios que precisam ser repensados nas estratégias de negócios com modelos mais sustentáveis. Segundo ela, para que empresa trabalhe com esses valores, é essencial que os líderes estejam alinhados e integrados com a política e a cultura da organização.

De acordo com Voltolini, os gestores precisam ter uma mentalidade ESG, ou seja, o domínio de quatro competências essenciais. “Cuidado e empatia; eleger a diversidade e a inclusão; ter ética e transparência; e possuir uma dimensão ecocêntrica do mundo”, avalia.

O consultor relata que, em conjunto, os quatro valores diferenciam um líder ESG, uma vez que os profissionais com esse perfil valorizam o diálogo, pensam no próximo, gostam de aprender com a experiência do outro e gostam de compartilhar os resultados com os colaboradores. “Eles também enxergam a diversidade e a inclusão como algo positivo, já que é desse pilar que vem a riqueza de ideias, e é dela que vem a inovação”, pontua.

No entanto, é preciso desenvolver e capacitar esses gestores. “Eu não concordo com a afirmação que os líderes nascem líderes. O que eles necessitam é ter seus atributos desenvolvidos ao longo da vida”, diz Voltolini.

Do ponto de vista empresarial, os líderes podem ser educados dentro de alguns âmbitos. O coordenador do evento avalia que o melhor modo é envolver os colaboradores em situações reais nas quais sejam testadas suas competências. “A educação convencional não é suficiente, pois precisamos de uma experiência concreta que demonstre aos líderes a realidade de uma situação”, acrescenta.


Fonte: ABRH Brasil