ESG deve ser mais que uma sigla para os profissionais de RH

 


Falar sobre ESG é falar sobre a conquista de novos investidores. O tema é relevante para as empresas que são pressionadas a reconhecer seu papel ativo na sociedade. Por isso, se sua empresa, e você, ainda não adotam tais pilares, a hora é essa.

A consultoria internacional Harris Poll realizou uma pesquisa anônima a pedido do Google Cloud com cerca de 1.500 CEOs e outros líderes C-level em empresas com mais de 500 funcionários em todo o mundo. O objetivo foi mapear o papel dessas lideranças na mudança de comprometimento em relação à sustentabilidade dentro de suas organizações.

A maioria dos entrevistados (80%) daria a suas empresas nota maior que a média em sustentabilidade ambiental. E 93% dos executivos ouvidos afirmam estar abertos para relacionar remuneração com metas ESG ou que já fazem algo nessa linha.

É motivante ver tais números. A grande questão é que, no mesmo levantamento, 65% dos líderes disseram não saber como fazer isso. Essa é a questão. Todos parecem saber qual é o caminho correto. Mas nem todos estão dispostos a percorrê-lo. Esta é uma missão, a meu ver, na qual os profissionais de recursos humanos das empresas podem contribuir de forma significativa, uma vez que são eles os responsáveis por entender a cultura organizacional como diferencial estratégico do negócio.

Pilar Meio Ambiente (Environmental):


Trata-se de um tema delicado, pois traz consigo um investimento inicial por parte das empresas, com um retorno no futuro tanto na forma de imagem da companhia quanto de dividendos e lucros para seus acionistas e proprietários.

O líder de RH da empresa deve buscar uma capacitação, para si e para seus diretores, que aponte caminhos para a busca de resultados por meio dessas práticas sustentáveis.

A executiva exemplifica que, em alguns casos, nem sempre adotar práticas desse pilar demanda investimento elevado ou grandes mudanças, mas os benefícios podem ir além da questão ambiental.

Na ADP, por exemplo, criamos um vestiário com banheiro para incentivar os colaboradores a deixar o carro em casa e usar a bicicleta no deslocamento até o escritório. Além de mitigar a emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, garantimos que os funcionários tenham também melhor qualidade de vida com a inserção de atividade física em sua rotina semanal.

Pilar Social :

A temática social é das mais importantes, uma vez que aborda temas como a inclusão e a importância da diversidade no ambiente corporativo. Por que precisamos ter pessoas de raças, credos e pensamentos diferentes na empresa? Embora a pergunta seja complexa, a resposta pode ser simples: para que possamos crescer com as experiências e visões de mundo de cada um. Ou seja, eu, como indivíduo, vou me beneficiar – financeira e culturalmente – do que outra pessoa, que pensa diferente de mim, trará para o dia a dia de onde trabalho.

É por esse motivo que na ADP a promoção da diversidade está no Plano de Negócio. Hoje, contamos com uma série de ações e programas para nos ajudar a consolidar de fato essa realidade em todas as áreas da companhia.


Pilar Governança (Governance):

Aqui estamos falando de transparência nas decisões e práticas tomadas pela empresa. O mesmo levantamento da Harris Poll/Google Cloud aponta que 58% dos CEOs mundo afora praticam o chamado greenwashing, ou seja, fazem propaganda enganosa de seus projetos de sustentabilidade. Traduzindo: falam muito, mas fazem pouco. Essa é uma compreensão equivocada das práticas ESG, que acabará cobrando seu preço em um futuro cada vez mais próximo.

A governança é importante para que as decisões sobre os rumos da empresa não fiquem restritas a uns poucos com informações privilegiadas. Na medida em que um conselho de administração é instalado, por exemplo, maiores são as chances de sucesso das organizações.

Podemos levar a mudanças profundas e estruturantes nas empresas, de forma a tornar o ambiente corporativo mais inclusivo, transparente e dinâmico. E, ao mesmo tempo, gerando mais resultados para as organizações. Para isso acontecer, é essencial que cada um assuma a sua responsabilidade. Não podemos deixar as decisões e o ritmo delas a cargo apenas dos líderes. A mudança precisa começar na mesa de cada empregado.


Fonte: Mariane Guerra - vice-presidente de RH para a América Latina da ADP