A Mata Atlântica é o bioma mais devastado no Brasil, devido à urbanização, à industrialização e à expansão agrícola. De acordo com os levantamentos do SOS Mata Atlântica junto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apenas 16% da vegetação nativa não havia sido destruída, abrigando cerca de 23 mil espécies. Entretanto, um estudo recente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) identificou novos trechos do bioma, ampliando essa porcentagem.
Com base em imagens de alta resolução do satélite RapidEye em alta resolução e com a adoção de novas técnicas de detecção de fragmentos florestais, os pesquisadores descobriram que a Mata Atlântica brasileira possui 28% de cobertura vegetal nativa, que é aproximadamente o dobro das estimativas anteriores.
O estudo, publicado no periódico científico Perspectives in Ecology and Conservation, que conta com o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, revela que o bioma se estende por 32 milhões de hectares ao longo da costa do país, passando por 17 estados. A floresta abriga 125 milhões de brasileiros e as atividades realizadas no local são responsáveis por 70% do PIB do País.
O doutor em Ecologia Jean Paul Metzger, participante do estudo, afirma que a Mata Atlântica traz muitos benefícios ao país, por assegurar a provisão de água, amenizar os efeitos das mudanças climáticas e melhorar a qualidade do ar. Membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, ele ressalta que, apesar de a área de vegetação nativa ser maior do que se imaginava, o cenário ainda é preocupante.
“A porção de floresta identificada está muito degradada e precisa de estratégias de conservação urgentes. O estudo serviu para mapear essas frestas que não eram mapeadas anteriormente, o que é importante para estabelecer estratégias de conservação e restauração de forma mais efetiva.”
A Lei de Proteção da Vegetação Nativa, também conhecida como o novo Código Florestal Brasileiro, estabelece que cada propriedade dentro da área da Mata Atlântica tenha pelo menos 20% de cobertura vegetal. Se a determinação fosse cumprida corretamente, os 32 milhões de hectares de vegetação nativa existentes atualmente passariam a ser de 37 milhões. “Se isso acontecer, em dentro de 10 anos a taxa de cobertura vegetal nativa pode subir para 35%, tornando a Mata Atlântica um exemplo mundial de restauração ecológica”, afirma Metzger.
Além de melhorar a qualidade de vida da população e dos animais, a restauração da floresta para a adequação ao Código Florestal deve gerar novas oportunidades de renda a partir do trabalho de reparação.
Fonte: Rede de Especialistas de Conservação da Natureza