Tatu-bola ameaçado incentivou a criação de Parque Estadual




Uma das áreas mais importantes para a conservação da Caatinga, a região do Cânion do Rio Poti, no Piauí, ganhou uma importante Unidade de Conservação (UC): o Parque Estadual do Cânion do Rio Poti. 

Localizado em uma região que conta com um território preservado, o local ocupa uma área de mais de 844 mil quilômetros quadrados e abriga cerca de 1.400 espécies de animais, entre mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes e insetos, dos quais muitos só ocorrem naquela região e estão em risco de extinção, o que o torna estrategicamente importante.

Por isso, com o objetivo de proteger esta espécie-símbolo e seu habitat, o "Programa de Conservação do Tatu-bola", da Associação Caatinga, que conta com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, conduziu estudos durante o ano de 2017 que complementaram a ideia da criação do Parque Estadual do Cânion do Rio Poti. 

A ideia, segundo a responsável técnica do projeto, Flávia Miranda, é que o Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), sirva como uma espécie guarda-chuva, ou seja, que com esse trabalho, outras espécies como o Urubu-rei (Sarcorampus papa), o Morcego vermelho (Myotis ruber) e o Gato maracajá (Leopardos wiedii), por exemplo, sejam protegidos de forma indireta.

A área de 6.670 hectares foi apresentada inicialmente após estudos detalhados da região, incluindo os recursos hídricos, a vegetação local e o mapeamento das áreas de ocorrências de espécies ameaçadas de extinção, e ampliada em 271% após consultas públicas, resultando em uma área de 24.772,23 hectares. 

Além de ser um território importante para a conservação e preservação, o local também tem alto potencial turístico e engloba nascentes de cursos importantes de água, escassos em todo o Estado.

“O próximo passo será realizar mais expedições, onde até então não existem registros de Tatu-bolas, mas que as análises do bioma mostram que é possível que haja a ocorrência do animal. Assim aumentamos a área de distribuição da espécie e temos mais um subsídio para novas áreas de criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s), Áreas de Proteção Ambiental (APA’s) e reservas legais” explica a responsável técnica pelo projeto, Flávia Miranda.

A Caatinga é a região semi-árida mais rica em biodiversidade do planeta e essa riqueza é encontrada em abundância na região do Cânion do Rio Poti, motivo pelo qual a região foi escolhida para a criação do Parque Estadual. 

“O local é perfeito para a criação do parque, primeiro pela rica biodiversidade, mas também pela pouca diversidade populacional e pela ocorrência de inúmeras gravuras rupestres nos sítios arqueológicos encontrados por lá”, conta Flávia.


Fonte: Fundação Grupo Boticário