2022 será de cautela no ambiente empresarial




O avanço da vacinação contra a covid-19 e a gradual retomada da atividade econômica não foram suficientes para as empresas brasileiras adotarem uma visão otimista para 2022. Em meio à fragilidade da economia e às incertezas do cenário político a tendência é de que persista uma postura de cautela nos próximos meses.

Com exceção das que atuam no agronegócio, setor que deve crescer em 2022, as demais empresas devem operar com um conservadorismo ainda mais intenso. O Brasil inicia o ano com inflação nas alturas, combustível caro, escassez de insumos, aumentos de cerca de 10% na mão de obra, por conta de dissídios, e um governo sem condições de investir. Uma tempestade perfeita. Se o País conseguir pelo menos segurar a inflação, já será uma vitória.

Apesar desse cenário, continuo apostando no potencial do Brasil, principalmente por causa da diversificação da economia. Um ponto positivo, a ser destacado, é a perspectiva de continuidade da onda de aberturas de capital na bolsa — sinal de aquecimento do mercado de capitais, fonte essencial para a destinação de recursos para investimento do setor privado. 

A expectativa é de mais IPOs [sigla em inglês para ofertas públicas iniciais de ações] em 2022, já que não há crise de liquidez no País. Entretanto, os investidores devem estar mais seletivos do que na onda de novas listagens entre o fim de 2020 e o início de 2021. Não deve ter tanto ‘curioso’ quanto naquela época, já que a economia não cresceu como deveria.

No próximo ano, o Brasil continuará atraente para os investidores estrangeiros, incentivados principalmente pelo dólar, que deve permanecer alto. O País está ‘barato’ para os estrangeiros. O receio desses investidores está mais relacionado à instabilidade política.


- Eleições:

Além dos planejamentos com base em diversos cenários e ponderações, a preocupação dos empresários em 2022 estará voltada às eleições de outubro. Os extremismos, de direita ou de esquerda, não são o melhor caminho para o ambiente de negócios. As empresas precisam de uma agenda mais liberal, que incentive o crescimento das operações com investimentos em infraestrutura, e há uma necessidade de atenção às demandas sociais. Para voltar a crescer o Brasil precisa de um planejamento que independa de interesses eleitorais.

- Pandemia:

Embora neste fim de 2021 existam muitos receios e dúvidas em relação à variante ômicron, Marcatti diz que o avanço da vacinação e os aprendizados da pandemia ajudam a manter a situação no Brasil pelo menos estável. Mas se houver uma nova onda a economia do País não vai conseguir acelerar com os cofres públicos vazios.

Fonte: Luiz Marcatti - sócio e presidente MESA Corporate Governance, administrador de empresas com especialização em comércio exterior e marketing, certificado em mediação pelo Instituto Familiae – SP e com formação de Conselheiro de Administração pelo IBGC.