Dia Mundial do Solo será comemorado em 5 de dezembro




A preservação do meio ambiente e a proteção dos recursos naturais estão no centro das atenções globais e compõem as principais metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O dia 5 de dezembro foi instituído pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como sendo o Dia Mundial do Solo.

O principal uso dado ao solo brasileiro é a pastagem. Ela ocupa 154 milhões de hectares de norte a sul do país, com presença em todos os seis biomas. Essa área praticamente equivale a todo o Estado do Amazonas, que tem 156 milhões de hectares. Ou 6,2 estados de São Paulo. Ou mais de duas vezes e meia o tamanho da Bahia. 

A área destinada à pecuária é ainda maior se considerar que a ela se somam parte das áreas de campos naturais, principalmente no Pampa e Pantanal, que cobrem 46,6 milhões de hectares no país, e áreas de mosaico de agricultura e pastagem onde o mapeamento não permitiu a separação ou elas ocorrem de forma consorciada, e que cobrem 45 milhões de hectares. Os dados fazem parte de um mapeamento do MapBiomas. 

O crescente aporte tecnológico no campo, somado ao empenho e consciência ecológica da maioria dos produtores, também contribui para a proteção ambiental brasileira. O setor agropecuário utiliza, em média, apenas metade da superfície de seus imóveis para a produção. A área destinada à preservação da vegetação nativa e mananciais nos imóveis registrados e mapeados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) representa mais de um quarto do território do país, mais precisamente 25,6%, revela a pesquisa Embrapa Territorial. 

A busca por sistemas de manejo do solo que harmonizem o desenvolvimento de novas tecnologias com a viabilidade econômica, minimizando o impacto ambiental e a redução das emissões de gases de efeito estufa, tem sido o desafio de produtores rurais e da comunidade científica nas últimas décadas. 

No Brasil, uma das ações que reúne esforços de pesquisadores, do poder público e da iniciativa privada é a recuperação de áreas degradadas. São consideradas áreas degradas os locais onde existem (ou existiram) processos causadores de danos ao meio ambiente. O decreto federal 97.632/89 reforça, que essa condição reduz a qualidade produtiva dos recursos naturais. 

A professora da graduação de Tecnologia em Gestão Ambiental do Senac EAD, Caroline Cichoski, argumenta que o setor privado tem contribuído com algumas iniciativas para a recuperação de florestas e áreas desgastadas, estimuladas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), por exemplo. 

"Uma das ações permite que empresas comprem créditos de carbono em projetos de combate ao desmatamento e à degradação florestal, de manejo sustentável e de conservação da vegetação nativa. Ações como essas são crescentes no cenário nacional, no qual observamos a urgência de redução de emissões e do sequestro de carbono, frente às previsões preocupantes das mudanças climáticas", pontua a professora.

A restauração de ecossistemas vai muito além do plantio de mudas: engloba diversas técnicas e é uma importante solução baseada na natureza como uma das estratégias para reduzir os avanços climáticos e manter o aumento médio da temperatura global em no máximo 2°C em relação ao período pré-industrial, sendo ideal manter o aumento em 1,5°C, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). 

Segundo João Carlos de Moraes Sá, professor sênior aposentado da UEPG e presidente da Comissão Técnico-Científica da Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto, as alterações no clima têm causado inúmeros prejuízos à agricultura, seja pela ocorrência de longos períodos de estiagem ou devido a eventos com intensa precipitação pluviométrica, causando a erosão dos solos e reduzindo o potencial das colheitas. Em situações adversas como essas, o manejo adequado do solo ganha ainda mais importância, já que tem como finalidade proporcionar o suprimento adequado de ar, água e nutrientes para os cultivos se desenvolverem e expressarem o seu potencial.

Nesta data, a agricultura orgânica deve ser mencionada como um modelo a ser valorizado. Produzida sem agrotóxicos sintéticos, transgênicos e fertilizantes químicos garante a qualidade dos alimentos e a saúde de quem consome. Além de beneficiar a saúde do trabalhador agrícola e a qualidade do solo, água, vegetação e animais locais, já que as técnicas do processo respeitam o meio ambiente.


Fonte: Vininha F. Carvalho - jornalista, economista, administradora de empresas e editora da Revista Ecotour News.