Economista aponta impactos para o Brasil trazidos pela crise hídrica




O Brasil enfrenta uma das maiores crises hídricas dos últimos 91 anos, com as principais hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste apresentando um dos índices mais baixos de armazenamento de água. Um fator extremamente preocupante, visto que essa falta impacta diversos setores além do hidrelétrico, como o energético, agrícola, econômico e industrial. Ou seja, é o principal combustível para continuidade de todas as atividades humanas do país.

Economista e professor do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Módulo, instituição que pertence ao grupo Cruzeiro do Sul Educacional, Edson Trajano explica que apesar de a primavera ter amenizado, temporariamente, o problema da crise hídrica, o cenário ainda é muito preocupante. “O nível dos reservatórios continua muito baixo e isso impacta na redução da oferta de energia resultante das hidrelétricas. Essa energia é a mais barata no mercado brasileiro. A consequência dessa baixa oferta de energia resulta em uma maior utilização das termelétricas que são movidas a combustíveis, e esses estão muito caros.”

Para Trajano, é necessário aumentar os investimentos na produção de energia, sobretudo em alternativas de produção de energia limpa, como a solar e a eólica, para que o país saia da crise. “Nesses segmentos, o custo de produção ainda é muito elevado em comparação à energia das hidrelétricas, por isso, requer um subsídio maior do setor público”, enfatiza.

A crise hídrica traz diversos impactos para a população e a economia brasileira, atingindo tanto famílias quanto empresas. O aumento da energia citado pelo professor Edson impacta diretamente nos custos de todas as cadeias produtivas, e reduz os projetos de novos investimentos, dificultando a retomada na geração de emprego e renda do país.

“Também tem impacto direto no orçamento das famílias, com o maior custo na própria conta de energia, mas também custos decorrentes da produção e comercialização de todos os demais produtos. Exemplo, as padarias e açougues são grandes consumidores de energia, esse aumento nos custos de produção com esse item acaba sendo repassado aos consumidores. Também há problemas no transporte, pois muitas ciclovias, como as do rio Paraná, tiveram seus serviços suspensos pelo baixo volume de água, com isso, aumentou o transporte feito por caminhões que tem maiores custos logísticos”, explica o economista.

Edson ainda sugere o retorno do horário de verão como uma alternativa para ajudar o país a sair da crise. “Aproveitar melhor a luz solar é uma alternativa racional para economizar energia, e poderia ser uma das alternativas essenciais para o atual momento do país. Vale destacar que o horário de verão tem nos principais países do mundo”, diz.

Analisando o cenário, o docente ressalta também que a ausência de projetos governamentais aumenta ainda mais as dificuldades para solucionar o problema e a preocupação da população.

- Podemos ter apagões?

O especialista coloca que apesar da crise hídrica estar em estado de atenção, a chegada de um maior volume de chuvas minimiza a chance de apagão por falta de energia. Por isso, seria praticamente nulo até o mês de setembro de 2022.

“Entretanto, possíveis problemas sempre ocorrem nos meses de outubro e novembro, que são quando os reservatórios chegam ao limite mínimo. Por isso, é importante e necessário se fazer o planejamento, inclusive nos períodos mais chuvosos, para garantir a energia no período de redução no volume de chuvas”, finaliza.

Fonte: Centro Universitário Módulo