Concessões com parâmetros sustentáveis geram um retorno de R$ 400 bilhões



A ESG, sigla em inglês sobre as boas práticas ambientais, sociais e de governança, tem permeado as estratégias do setor privado e público. No entanto, ainda é uma prática em crescimento no setor público, mas que deverá ganhar espaço já que inciativas com um desenvolvimento sustentável possuem o diferencial competitivo pela atratividade e financiabilidade.

Segundo dados levantados em setembro de 2020 pela SEALL, startup de gestão estratégica de impacto socioambiental e econômico, se os editais das concessões rodoviárias de trechos federais, incluídos no Programa de Parceria de Investimentos (PPI), fossem planejados e modelados segundo os parâmetros sustentáveis, teriam um retorno social de cerca de R$ 400 bilhões.

O Retorno Social do Investimento (SROI) é uma ferramenta globalmente aceita e que mensura o "valor" dos impactos nas pessoas e nas organizações que deles experimentam. Para chegar ao valor de R$ 400 bilhões, foram analisados os retornos obtidos para alguns grupos de stakeholders gerais dos projetos, como usuários das rodovias, cidades beneficiadas e governos, a partir da projeção dos investimentos a serem efetivados em segurança viária.

Um exemplo é a redução da exposição do usuário a acidentes e, por consequência, queda do custo do SUS com tratamento de acidentados e da Previdência Social com o pagamento de trabalhadores por afastamentos ou pensões por mortes. Também foram considerados a redução de danos materiais e despesas de assistência veicular do usuário do veículo e de emissões de gases de efeito estufa.

Outro item considerado é a arrecadação de impostos e pedágios, além da redução do investimento direto com recursos públicos na rodovia, o que abre a possibilidade de aplicar a verba em outras demandas sociais.

Gabriela Ferolla, diretora executiva da SEALL, reforça a importância da atuação do setor público para que os editais tenham uma visão de negócios sustentáveis. "Quando o governo já traça essas diretrizes para a implementação de infraestrutura pela inciativa privada, está fomentando a qualificação desses projetos", explica.

Recentemente foi lançado o programa "Estratégia Investimento Verde", pelo Ministério do Desenvolvimento Regional. A iniciativa irá estimular que as empresas adotem critérios ESG para a execução de seus empreendimentos. Alguns Estados, como Minas Gerais, também têm adotado critérios ESG nos editais de licitação.

Seguindo os parâmetros sustentáveis, a SEALL apontou um potencial de mais de R﹩ 70 bilhões de recursos públicos economizados e disponíveis para serem aplicados em outras demandas sociais; redução das emissões de Gases de Efeito Estufa devido às melhorias viárias, redução de consumo de combustível e do tempo de viagem para o condutor estimada em 11,3 milhões de toneladas; uso responsável de mais de 1,07 milhão de m3 de água; entre outros fatores que impactam diretamente na vida da população.

"Com os dados que temos, trazemos uma perspectiva de geração de empregos e movimentação de uma economia verde e do desenvolvimento de todo esse ecossistema a partir da implementação dessa infraestrutura sustentável. Quando citamos infraestrutura, estamos falando sobre transformar a vida das pessoas. Com a sustentabilidade presente de forma transversal em todos esses projetos, temos resultados socioambientais e econômicos substanciais", afirma Gabriela Ferolla.

- Parâmetros sustentáveis:

Os parâmetros sustentáveis que nortearam o estudo sobre a concessão dos trechos rodoviários do Programa de Parceria de Investimentos (PPI) consistem na implementação de diversas soluções que englobam o monitoramento e a execução das melhores práticas de governança corporativa, ambiental e social.

Um exemplo é a efetivação da gestão de compliance, incluindo compliance ambiental; adoção de uma política de avaliação e qualificação da cadeia de fornecedores a partir de critérios ESG; desenvolvimento e implementação de uma gestão estratégica de recursos humanos, contemplando a integração da diversidade aos processos institucionais e promoção da saúde e segurança dos colaboradores; entre outros fatores.

Cumprindo os parâmetros, os projetos também iriam contribuir diretamente para o alcance das metas globais de desenvolvimento sustentável, previstas na agenda 2030.

Fonte: Catarina Boechat