Empresas que investem em ESG podem ter maior lucro e valor de mercado no longo prazo


A sigla ESG - Ambiental, Social e Governança, tradução do inglês Environmental, Social and Governance, refere-se aos três fatores centrais na medição da sustentabilidade e do impacto social de um investimento em uma empresa ou negócio.

Segundo o professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) Alexandre Garcia, o ESG já é debatido há um bom tempo, mas ganhou mais notoriedade nos últimos anos, principalmente depois da pandemia de Covid-19.

"É um assunto muito debatido, que está em voga, desperta muita atenção pela sociedade, como investidores, e inclui a divulgação de informações, não mais somente financeiras, mas outras informações como a composição das suas diretorias, com a inclusão de mulheres e negros, ou como é a conduta da empresa em relação a temas como racismo, assédio, improbidade administrativa ou corrupção".

As empresas precisam se atentar para esses fatores, porque a forma como lidam com o ESG pode impactar diretamente o lucro das organizações e o valor de mercado delas com o passar do tempo, além de outras consequências mais intangíveis, como a fidelidade de clientes e fornecedores.


- ESG no mundo:

Segundo o especialista, a grande mudança para o ESG foi na virada do século, com a iniciativa do Pacto Global lançado pela ONU, em 2004, que teve a adesão das 50 maiores empresas financeiras do mundo. Até então era uma discussão muito estéril, que ficava só nos organismos internacionais, entre países, mas não chegava até as empresas.

Além do pacto global da ONU, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) lançados pela Organização no Acordo de Paris em 2015, preveem 17 objetivos de desenvolvimento sustentável para as nações até 2030.

"Já se foram seis anos do Acordo de Paris e ainda estamos discutindo como incluir a divulgação das ações ESG junto às informações financeiras. A sociedade está acostumada a relatórios financeiros, mas ainda não há uma padronização para relatórios que divulguem os aspectos não financeiros. Essa padronização está sendo discutida por órgãos como a International Financial Reporting Standards - IFRS, internacionalmente, ou a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, nacionalmente, mas essas discussões ainda vão levar algum tempo para chegar a consensos".


- Ranking de ESG:

Para medir o desempenho das empresas em matéria de ESG, alguns organismos e empresas de consultoria, como a Bloomberg, por exemplo, criam uma espécie de escore de desempenho, baseado na prestação de contas que essas empresas fazem, como demonstrações financeiras, mas também de informações não financeiras, e índices de governança corporativa ou de emissão de carbono, que são exemplos de indicadores que medem os fatores ESG.

"O mercado financeiro já entendeu a importância do ESG na análise de investimentos. O grande desafio é fazer os empresários entenderem que precisam praticar ações baseadas no ESG e divulgá-las".


- ESG no Brasil:

Na opinião de Garcia, por questões culturais, institucionais e estruturais, o Brasil está engatinhando no quesito ESG, com um longo percurso para ser percorrido.

"O mercado financeiro tem engajado empresas e empresários a agirem baseados nos três pilares do ESG. As empresas que não se preocupam com aspectos sociais e ambientais enfrentam alta volatilidade das suas ações em bolsa de valores, que vão repercutir nos investimentos e fundos", finaliza.




Fonte: Alexandre Sanches Garcia - doutor em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas-SP (2017), mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1998), com graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1992).