Evolução da agenda ESG é uma jornada e exige comunicação transparente


Empresas precisam se comunicar de forma assertiva com seus públicos para passar confiança e coerência nas suas ações sustentáveis


A agenda ESG (Environmental, Social and Governance) está na pauta das empresas de todos os portes e setores. A sociedade atual exige um mundo cada vez mais social, sustentável e com boas práticas de governança. Diante desse cenário, a comunicação exerce um papel fundamental para a compreensão do desenvolvimento sustentável e da mudança de comportamento de todos os atores envolvidos. 

As empresas têm que viver o conceito ESG e saber se comunicar de forma transparente e verdadeira com os seus públicos, seja governo, instituições públicas, stakeholders ou a sociedade.

"Na pandemia, o mundo corporativo precisou abrir o olhar para outras formas de fazer negócios, atrair investimentos e o aumentar o valor de sua marca. Para isso é preciso se comunicar com todos os públicos, identificar vozes potenciais dentro e fora das empresas para ocupar espaços. 

ESG tem tudo a ver com propósito. Nós temos a comunicação como elemento transformador da sociedade. Esse é o nosso DNA", afirma a sócia-diretora da In Press Oficina, Patrícia Marins.

O presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), Sergio Gusmão Suchodolski, traçou uma linha de tempo e explicou que as diretrizes que permeiam a agenda ESG tiveram origem décadas atrás.

No entanto, esse movimento se consolidou com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Acordo de Paris, instituídos em 2015. Mas observou que o cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável (ODS) depende de uma mudança cultural de toda a sociedade.

"Temos que comunicar com credibilidade o impacto positivo que está sendo gerado. A agenda 2030 se tornou uma linguagem, não é um pequeno grupo, não é uma entidade, é uma linguagem. A governança socioambiental veio para ficar, há uma série de incentivos financeiros, mas é sobretudo uma jornada que leva tempo, mudança de mindset, hábitos, costumes e mudança de comportamento", destaca Suchodolski.

Para a diretora de Relações Governamentais e Responsabilidade Social da Kinross Brasil, Ana Cunha, é fundamental para as empresas irem além do conceito ESG. "Temos que sair um pouco das letrinhas. A comunicação precisa servir a um processo de mudança.
Como empresa, precisamos entender que, no final das contas, o resultado desta comunicação ESG é a criação e a construção de territórios melhores, de um mundo melhor", reforça.

- Pandemia acelera mudanças e gera resultados práticos:

A pandemia do novo coronavírus reforçou a importância de ações visando o desenvolvimento sustentável e acelerou o investimento em projetos sustentáveis em praticamente todas as regiões do país. O que antes era um diferencial às empresas que adotavam essa prática, virou quase uma obrigação. 

"Existe cobertura nacional com uma série de programas de financiamento ao desenvolvimento sustentável. Na ABDE temos mais de 67% das instituições com programas de financiamento nas áreas de sustentabilidade. Vemos um aprofundamento e uma ampliação em todo território", explica o presidente da ABDE.

Para Ana Cunha, esse avanço só é possível com uma mudança de mentalidade da sociedade, das empresas e da legislação. "Se a gente olhar a mineração, lá no início tínhamos uma mineração menos envolvida com esses temas, mas também um ambiente menos regulador, uma legislação mais permissiva e uma sociedade menos consciente. Quando se junta esses três elementos se obtém uma melhora e as empresas são mais cobradas", analisa.

Diante desse cenário de evolução nas ações sustentáveis, Patrícia reforçou que, além da mudança de comportamento e da comunicação eficiente com os públicos, outros requisitos são fundamentais para as empresas ampliarem a aplicação dos conceitos ESG. Entre eles estão a autenticidade e a confiança. 

"Se você não tem autenticidade, não consegue construir nenhum dos princípios da agenda ESG. A confiança se dá por coerência das minhas ações. Esta agenda amplia a possibilidade que as empresas têm de transformar o entorno, a sociedade e o mundo".


Fonte: Bruno Rodriguez