Como o conceito de cidades inteligentes pode alterar o mercado imobiliário?


A história nos conta que a internet foi criada nos idos de 1969, nos Estados Unidos, com o nome de Arpanet. O primeiro e-mail foi enviado por um professor da Universidade da Califórnia para um amigo em Stanford. Seu objetivo era interligar laboratórios de pesquisa por razões militares. O mundo vivia o auge da chamada “guerra fria”.

O Departamento de Defesa norte-americano, a quem a rede pertencia, temia ficar sem comunicação com os cientistas em caso de bombardeio. A partir de 1982, já com o nome de internet, a novidade tornou-se comum no meio acadêmico, nos EUA e em alguns países europeus.

O uso comercial da rede, no entanto, só seria liberado a partir de 1987, nos Estados Unidos. Em 1992, surgiram as primeiras empresas provedoras de acesso à rede. Nesse mesmo ano, foi criada, pelo Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), a World Wide Web, que passou a ser utilizada para difundir informações para qualquer usuário da internet.

Hoje, a rede tem cerca de 4,5 bilhões de usuários em todo o mundo. Seu crescimento impulsionou o avanço tecnológico, que se tornou o ponto central de qualquer projeto inovador. Também proporcionou a rápida troca de informações entre institutos de pesquisa do mundo todo e a criação de novos conceitos e modelos de vida em cidades do mundo todo.

Entre eles está o conceito de cidades inteligentes, que já não é novo, mas vem sendo revigorado com os estudos sobre inteligência artificial. Muitos projetos têm sido elucubrados mundo afora. Todavia, com o advento da pandemia ganhou mais força, na medida em que seus desenvolvedores passaram a concentrar-se em soluções baseadas na nova realidade.

A expectativa, sombria é de que, por muitos anos, talvez para sempre, conviveremos com o coronavírus e com outros que surgirão. Por isso, as cidades terão de estar preparadas para esse novo modus vivendi.

Falar em cidades inteligentes é pensar no conceito de tecnologia das coisas (IoT), que discutiremos em artigo futuro. Por isso, procurei conhecer uma organização chamada ABINC – Associação Brasileira de Internet das Coisas.

Por meio dela descobri o projeto “Cidade 15 Minutos”. Segundo Aleksandro Montanha, presidente do Comitê das Cidades Inteligentes da ABINC, com a pandemia, aplicações que “efetivamente resolvem a vida dos cidadãos foram muito aceleradas”.

O Cidade 15 Minutos busca reorganizar centros urbanos a fim de atender às demandas de microrregiões. Projetos dessa natureza vêm sendo pensados e executados em várias metrópoles brasileiras, sem alarde, chamados simplesmente de propostas para revitalização.

A ideia básica é que todo tipo de atendimento, público e privado, possa ser resolvido em até 15 minutos. Seriam evitadas aglomerações em transporte público e possibilitaria a criação de mais áreas seguras de circulação, sem automóveis, com calçadões e ciclovias.

Tais projetos, se tornados realidade, provocarão grande virada no mercado imobiliário. Se orientados para bairros inteligentes, autônomos, afetarão fortemente a indústria veicular, os serviços de transporte, a infraestrutura e outros.

Em alguns países, inclusive Brasil, já se veem redes de supermercados e farmácias pulverizando-se em lojas de pequeno porte para ficarem mais próximas da clientela. O governo brasileiro, atento, lançou nesta semana a carta brasileira “Cidades Inteligentes”.



Fonte: João Teodoro - presidente do Sistema Cofeci Creci,