Donald Trump bloqueia acesso de dados e recursos, dificultando a transição de poder para o governo Joe Biden


Em mais uma demonstração de que não aceitou a derrota e não vai colaborar em nada com a transição de poder, o ainda presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, bloqueou o acesso da equipe de Joe Biden a dados e recursos. 

Dessa forma, o presidente-eleito democrata segue sem ser reconhecido vencedor por seu antecessor - mostrando que até 14 de dezembro, quando ocorrem os votos do colégio eleitoral, será um período de muita confusão nos bastidores da política estadunidense.

Para o especialista Clayton Vinicius Pegoraro, professor de Direito das Relações Econômicas Internacionais da Universidade Presbiteriana Mackenzie, "que Trump usaria da judicialização para dificultar a transição, era fácil imaginar, mas tomar atitudes para bloquear a equipe do novo governo a começar o trabalho é muito questionável por ser completamente antidemocrático".

A autorização bloqueada por Trump - e equipe - nada mais é que uma formalidade. Feita pela Administração de Serviços Gerais (GSA, em inglês), é uma carta assinada que libera recursos administrativos, bem como dá acesso aos prédios federais, que começarão a trocar suas cores vermelhas republicanas, pelas azuis democratas. 

Contudo, ao travar o processo, Trump "deixa claro que vai fazer tudo o que puder para prejudicar a vida e trabalho de Joe Biden e sua equipe, quer isso atinja o povo estadunidense ou não. Atingindo, inclusive, relações internacionais que os EUA mantêm", comenta Pegoraro. 

Como exemplo, fica registrado que o governo Bolsonaro ainda não parabenizou o novo presidente americano - apesar de ter sido noticiado que o presidente brasileiro queria ser o primeiro a parabenizar Donald Trump em caso de vitória.

Ademais, fica claro que, apesar do povo estadunidense ter ido às urnas (ou votado pelo correio) de forma intensa e impressionante, quebrando todos os recordes eleitorais, dando "um show de democracia", o último respiro do governo Trump põe em xeque esse cenário de equilíbrio, trazendo de volta a instabilidade e acirrando disputas políticas.

Nesse ponto, o especialista é duro em sua crítica, "se Donald Trump não tomar cuidado, ele pode cruzar limites dentro do próprio partido Republicano e ser repudiado pelos seus pares por insinuar que as instituições americanas são frágeis e corruptas". 

Essa atitude de bloquear e interferir tanto é completamente inaceitável, é o tipo de situação presente em ditaduras, perpetrada por governos totalitários - não de um país que preza pelas liberdades e garantias individuais", conclui.


Fonte: Clayton Vinicius Pegoraro, professor de Direito das Relações Econômicas Internacionais da Universidade Presbiteriana Mackenzie