A cor do dinheiro é verde




Sabe qual é a cor do dinheiro? Se não sabe, lhe respondo. É verde. Inquestionavelmente.Cada vez mais, a atenção dos investidores está voltada às boas práticas de impacto social e ambiental. Aliás, é bom ficar de olho na sigla ESG – derivada do inglês environmental, social and governance (ambiental, social e governança).

Recentemente tivemos duas provas que confirmam esta questão. A primeira delas foi uma repulsa de investidores europeus que ameaçaram se retirar de fundos brasileiros caso o desmatamento da Amazônia continue avançando. Na sequência, um exemplo mais concreto e otimista: a XP Investimentos lançou seu primeiro fundo ESG. 

Junto ao anúncio do novo fundo, a XP Investimentos ainda anunciou que ela mesma irá aplicar R$ 100 milhões neste fundo como forma de estimular a aplicação nesta categoria, e viabilizar a abertura do fundo.

Contudo, o ESG não é apenas uma tendência no mundo dos investimentos, mas sim uma necessidade. Isso porque o perfil dos investidores está cada vez mais exigente a ponto de não se preocuparem apenas com o retorno financeiro para acionistas e credores, mas também com os impactos que determinadas empresas impõem sobre a sociedade.

E como esse investimento se dará, se aqui no Brasil ainda não temos muitas opções nesse segmento ESG? O fundo da XP irá aplicar em fundos de índices (ETFs) estrangeiros que só alocam em títulos e ações de empresas que atendem aos critérios ESG. Pelo fato de ser um fundo que investe em ativos estrangeiros, o fundo tem como público alvo os investidores qualificados.

De longe é perceptível o entusiasmo da XP com o ESG. Logo que o primeiro fundo foi lançado, a corretora ainda comunicou que terão fundos ESG de sete instituições diferentes no FoF (Fund Of Funds - Fundo de Fundos) e que ainda querem chegar a mais 15 até o final do ano.

O mercado para essa categoria ainda tem um longo caminho pela frente. De um mercado de USD 80 trilhões, essa categoria respondia por apenas USD 10 bilhões em junho de 2020. Para o futuro, as projeções são ainda mais otimistas. Inclusive porque no início de 2019, os produtos representavam apenas US$ 4 bilhões, um crescimento de 150%.

Esse movimento que a XP está fazendo é muito importante. Isso porque esses fundos são inteligentes e descartam quaisquer empresas que não adotarem práticas sustentáveis e responsabilidade social. Desta forma, o investidor pode fazer seu dinheiro render e cuidar do planeta em uma tacada só.

Numa visão mais ampla, esse produto é inovador e tem a capacidade de fomentar o mercado brasileiro. Não resta dúvida de que uma nova tendência de investimentos está sendo ditada e veio para ficar. Resta observar, estudar e acompanhar a corrida por fundos ESG nos próximos anos.


Fonte: Paulo Caus - economista e sócio da 3A Investimentos