Com a vida mais silenciosa e lenta, devido à Covid-19, a natureza foi beneficiada




O coronavírus mudou o mundo de maneiras difíceis de ser imaginadas há apenas alguns meses, e os resultados mostram a fragilidade da sociedade perante um inimigo invisível. Mas, não foi a primeira vez na história da humanidade e, segundo especialistas da área de gestão ambiental, não será a última em que a vida da população fica ameaçada por uma pandemia. Essa é uma constatação de diversos estudos que, antes da Covid-19, alertavam para a urgência da mudança no comportamento humano perante a natureza como solução para a preservação do planeta,

A Nova Zelândia abriga 168 espécies de aves, sendo 93 delas nativas. Um quarto dos pássaros que vivem por lá, não são encontrados em nenhum outro lugar do mundo, reforçando a singularidade da fauna do país. Em meio a esse período em que a população ficou dentro das suas casas por semanas, o recente período lockdown, devido a Covid -19, curiosos pássaros locais mudaram de comportamento e começaram a aparecer nas cidades e, até nas casas das pessoas, levando o seu canto e encanto para a vida dos neozelandeses.

A guardiã chefe do santuário de pássaros Zealandia, Ellen Irwin, sugere que não necessariamente só os pássaros tenham mudado de comportamento, mas também as pessoas. "Com a vida mais silenciosa e lenta, é possível que as pessoas também estejam desacelerando e percebendo mais os pássaros e a natureza. Talvez eles tenham estado sempre por lá, mas só agora conseguimos vê-los", comenta Irwin.

Após expedições científicas e análises de dados em busca de mais informações sobre os cetáceos de rio da Amazônia, a Iniciativa dos Botos da América do Sul (SARDI) está celebrando mais um passo em direção ao desenvolvimento de um Plano de Manejo da Conservação (CMP, da sigla em inglês). O CMP regional auxiliará na proteção dos botos nos rios Amazonas, Orinoco, Tocantins e Araguaia, que cobrem Brasil, Colômbia, Equador e Peru.

Fernando Trujillo, diretor da Fundação Omacha, membro do Comitê Científico da CBI ressaltou a importância da coordenação política e legislativa a serem alcançados entre os quatro países, promovendo ações conjuntas que permitam contrariar fatores que ameaçam a sobrevivência dessas espécies, como contaminação por mercúrio, desmatamento e perda de conectividade fluvial.

"É notável que, em tempos da pandemia do novo coronavírus, quatro países continuaram trabalhando juntos e articularam ações para garantir a sobrevivência dos botos no continente, uma vez que também serão implementados os planos de envolver parceiros na Bolívia e na Venezuela", disse Saulo Usma, especialista em Água Doce do WWF-Colômbia.

O ano de 2020 iniciou enfocando os desafios para implantar a agenda do desenvolvimento sustentável, denominada "Década da Ação", termo usado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, em referência ao prazo estabelecido para alcance das metas da Agenda 2030, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Logo na largada, a humanidade foi confrontada com esta adversidade de proporções inéditas e precisou, curiosamente, desenvolver exatamente níveis de ação e coordenação que pareciam impensáveis.

A lição deixada é que governos, empresas e indivíduos precisam buscar novas soluções, pois não havia experiência prévia ou dados científicos suficientes para orientar todas as decisões necessárias para salvar a biodiversidade. A pandemia provocou grandes transformações, permitindo a ecologia demonstrar que é preciso reduzir a poluição atmosférica para preservar todas as formas de vida no planeta.

Fonte: Vininha F. Carvalho - jornalista, economista, administradora de empresas e editora da Revista Ecotour News & Negócios.