Mudanças climáticas globais representam uma crise tão séria quanto à pandemia de Covid-19


A busca para identificar como será o novo normal no pós-pandemia e, a lição que foi aprendida para realizar o combate à Covid-19 possibilitará a humanidade avançar na agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O conhecimento compartilhado passa a ser especialmente decisivo para moldarmos um futuro coletivo que reflita valores e propostas sustentáveis.

O impulso global para as divulgações financeiras relacionadas à mudança do clima continua ganhando força. A Força-tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas às Mudanças Climáticas (TCFD) recebeu em maio de 2020, o apoio oficial de 1.200 organizações em todo o mundo.

“Investidores, gestores de ativos e profissionais de toda a comunidade financeira global estão cada vez mais exigindo divulgações financeiras relacionadas ao clima, porque reconhecem o valor de se contabilizar as ameaças impostas pelas mudanças climáticas globais", disse Denise Pavarina, vice-presidente da TCFD e Consultora Sênior da Aggrego Consultores.

Para 71% da população do Brasil, as alterações climáticas no mundo, no longo prazo, são uma crise tão séria quanto à pandemia de Covid-19. Esse é o principal resultado da pesquisa “Earth Day 2020”, realizada pela Ipsos, por meio da plataforma Global Advisor, com 14 nações. O índice dos entrevistados brasileiros reflete perfeitamente a percepção global, também de 71%.

O levantamento também apontou que 65% dos entrevistados no mundo acreditam que os governos de seus países devem priorizar ações de combate às mudanças climáticas durante a recuperação econômica após a Covid-19. Considerando apenas os brasileiros, são 66%.

Apesar de as mudanças no clima serem uma pauta importante em diversos países, como mostrou o estudo, para quase metade dos ouvidos globalmente, o tema não deve se sobrepor à retomada econômica. Entre todos os entrevistados das 14 nações, 44% acreditam que seus governos devem focar primeiro em ajudar a economia a se recuperar, mesmo que isso signifique tomar certas atitudes que tenham impacto negativo ao meio ambiente.

No Brasil, apenas 37% concordam com a afirmativa. Índia (63%), Rússia (55%), e Austrália (50%) são as nações que mais acreditam que o desempenho econômico deve vir em primeiro lugar, mesmo que seja necessário causar dano o meio ambiente. Os países com menor índice de concordância são Alemanha (36%), França (35%) e Japão (35%).

Segundo o professor Marten Scheffer da Universidade de Wageningen, “o coronavírus mudou o mundo de maneira difícil de ser imaginada há apenas alguns meses, e os resultados mostram como a mudança do clima pode fazer algo similar. A mudança se daria de forma menos rápida, mas, diferentemente da pandemia, não poderemos esperar por qualquer alívio: grandes áreas do planeta se aqueceriam a níveis muito altos sem perspectiva de resfriamento no curto prazo. Isso teria efeitos devastadores e deixaria sociedades inteiras sem capacidade de enfrentar crises futuras, como novas pandemias. A única coisa que pode impedir isso é uma redução rápida das emissões de carbono”.

“A preservação do meio ambiente requer trabalho coletivo e de participação de toda a sociedade. Dar autonomia de pensamento às pessoas, de forma que todos tenham acesso para obter informações sobre o atual quadro de degradação que vivenciamos e da real abrangência do que é o meio ambiente, representa um aspecto chave para enfrentar os desafios ambientais em nível global, pois a partir desta autonomia a população tem a oportunidade de refletir o atual modelo de desenvolvimento e sua consequência futura.


Fonte: Vininha F. Carvalho - jornalista, economista, administradora de empresas e editora da Revista Ecotoir News & Negócios.