Combate às mudanças climáticas passa pelo fim dos lixões


Tema terá destaque no Fórum Econômico Mundial, mas não deve abordar os problemas envolvendo os resíduos sólidos


Nesta semana, diversos países -- dentre eles o Brasil -- irão se reunir em Davos, na Suíça, para a 50ª reunião do Fórum Econômico Mundial, na qual o meio ambiente terá um papel muito importante. Contudo, um dos maiores problemas do Planeta não terá tanto destaque: a correta destinação e o tratamento dos resíduos sólidos, que se incluem entre as causas do efeito-estufa e mudanças climáticas. Outro problema é a exportação de lixo para outros países.

“Os lixões, que ainda representam 60% da destinação dos resíduos sólidos no Brasil, geram uma grande quantidade de gases que impactam o meio ambiente, seja em decorrência da queima irregular ou por causa dos efeitos químicos do lixo a céu aberto”, explica Luiz Gonzaga, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes (Abetre), afirmando: “É fundamental, não só para o Brasil, a adoção de aterros sanitários, obras de engenharia capazes de minimizar esses danos”.

Segundo estudo publicado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb), em 2019, os lixões liberam seis milhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano. Isso equivale aos gases gerados por três milhões de carros movidos a gasolina anualmente.

De acordo com a 7ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG Brasil), lançado no ano passado, os resíduos são responsáveis por cerca de 5% de todos os gases que causam efeito-estufa no País. É importante destacar que o número deve ser bem maior, pois faltam informações sobre o transporte e destinação dos resíduos no Brasil.

Mas, não basta apenas a construção dos aterros sanitários. Também é necessária a consciência da população e, até mesmo, de alguns países. Muitas nações exportam seus resíduos sólidos para a África e Ásia, dando a impressão de que lhes dão correto destino, mas agravando o meio ambiente em outras nações.

“O Brasil, apesar de todos os problemas, não ‘terceiriza’ o que gera para outros países e, agora, tem uma grande chance de conseguir resolver essa questão com o Marco Legal do Saneamento Básico. Temos a oportunidade de mostrar a outras nações como estamos comprometidos com o meio ambiente”, pontua.

Além disso, Gonzaga ressalva o papel da população. “As pessoas falam muito do conceito Lixo Zero, mas não existe processo no mundo que não gere algum tipo de resíduo. 

Precisamos criar o hábito de produzir menos lixo. Por exemplo, ao comprar uma camisa, é comum o lojista colocá-la com um papelão para ficar no formato ideal, envolver em papel de seda e, também colocar dentro de uma sacola. Por que não trocamos tudo por apenas uma sacola?”, questiona Gonzaga.


Fonte: Luiz Gonzaga, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos Sólidos e Efluentes (Abetre).