Verão e câncer de pele: o que devemos saber?


Moramos em um país tropical, com temperaturas altíssimas o ano todo e com vários destinos turísticos contemplados por praias. É natural nos expormos mais ao sol, o que pode, com o passar do tempo, causar graves danos à pele, entre eles o câncer, o tumor o mais comum no Brasil e no mundo, correspondendo a aproximadamente 33% de todos os tumores malignos (cerca de 18 mil novos casos são estimados pelo Instituto Nacional do Câncer – INCA – para 2019, sendo 51% em homens).

Dentre os seus subtipos, os cânceres de pele não melanomas são os mais frequentes, mas geralmente menos letais. Já o melanoma, que representa cerca de 4% dos tumores de pele, se não diagnosticado na fase inicial da doença tem alta mortalidade. Por isso a prevenção e diagnósticos precoce ainda são as medidas mais baratas e eficientes no combate a este tipo de doença, que vem passando por uma revolução nos últimos anos, com novos tratamentos disponíveis.

O câncer de pele é mais comum em pessoas acima dos 40 anos com pele, cabelos e olhos claros, sendo relativamente raro em crianças e negros, com exceção daqueles já portadores de doenças cutâneas anteriores. Pessoas com pele clara e que se expõem muito ao sol ao longo da vida vão sofrendo danos causados pelos raios UVA e UVB, com lesões no DNA da célula, o que aumenta a chance do aparecimento de um câncer. E engana-se quem acha que a exposição ao sol durante os fins de semana, na piscina ou praia seja o único inimigo. 

O sol do dia a dia, quando saímos de casa para o trabalho, supermercado ou shopping também causa danos que podem levar ao aparecimento do tumor de pele. O grande problema é que a maioria das pessoas não se protegem diariamente, lembrando do protetor solar e chapéus apenas quando estão em lazer.

Os tipos mais comuns de câncer de pele são o carcinoma epidermóide (CEC) ou espinocelular, o carcinoma basocelular (CBC) e o mais temido de todos: o melanoma.

O basocelular é o mais frequente (cerca de 70%) e também o menos agressivo. É formado a partir de células chamadas basais, muito frequentes na pele e, por isso, o seu nome. Ocorre com maior frequência nas áreas mais expostas ao sol como rosto e pescoço, sendo o nariz o local mais acometido. Tem crescimento lento e raramente causa metástase, quando o tumor se espalha para outros órgãos, mas pode causar sérios danos às estruturas do local onde surge. 

Seu tratamento é essencialmente cirúrgico, ou seja, tem altas taxas de cura quando ressecado completamente. Já existe no Brasil uma droga chamada Vismodegib para o tratamento desse tipo de câncer de pele quando não se pode mais curá-lo com cirurgia ou radioterapia.

O carcinoma epidermóide é o segundo mais comum, representando 20% de todos tumores de pele. É formado a partir de células chamadas escamosas que podem ser encontradas em todas as camadas da pele. Acomete com maior frequência o couro cabeludo, orelhas e face em indivíduos após os 50-60 anos. 

Seu tratamento inicial também é cirurgia, mas é um tumor mais agressivo do que o basocelular e se não for retirado rapidamente pode se espalhar para outros órgãos e estruturas sendo necessário tratamento medicamentoso para tentar controlar os sintomas e seu crescimento. A imunoterapia Cemiplimab está aprovada no país para uso nos casos avançados da doença.

O mais temido de todos os canceres de pele, o melanoma é o menos frequente, cerca de 4% de todos os tumores de pele, mas foi responsável por mais de 1.500 mortes no Brasil em 2018, segundo dados do INCA. Além disso o numero de mortes por melanoma em homens no mundo vem aumentando. É um tumor formado a partir dos melanócitos, células da pele responsáveis pela produção da melanina, pigmento que dá cor a pele, por isso a maior parte dos melanomas tem a cor preta. 

Pode acometer, além da pele, os olhos, mucosas e genitais. O melanoma é altamente agressivo, com capacidade de se espalhar rapidamente para quase qualquer lugar do corpo, inclusive para o cérebro. 

A cirurgia é a melhor forma de curá-lo. Atualmente estamos vivendo uma revolução no tratamento do melanoma nas suas formas mais avançadas, ou seja, metastáticas, com surgimento de medicamentos novos chamados drogas-alvo e a imunoterapia. Esses novos medicamentos têm aumentado substancialmente o tempo e a qualidade de vida dos pacientes com suas formas mais avançadas.


Fonte: Vinícius Correa da Conceição - oncologista graduado pela Unicamp, visiting fellow no serviço de oncologia do Instituto Português de Oncologia (IPO). Membro do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia.